Capítulo Um

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Morro da Rocinha, uma das favelas mais temidas e perigosas de todo o Rio de Janeiro.
Considerada perigosa demais para turismo, mas bonita demais para não visita-la.

Um dos complexos mais conhecidos e temidos de toda uma nação.

Era lá que morava desde minha adolescência, quando me mudei por uma briga que causei entre meus pais e meus antigos vizinhos. Para aqueles de fora, realmente a Rocinha era uma favela extremamente perigosa, mas para os que já viviam no lugar...

Bom, continuava perigosa, porém não era apenas isso que continha o morro.

O complexo era realmente muito bonito, envolto de uma densa floresta, próximo à praia, ao lado das enormes montanhas, carregado de música e projetos culturais. Tirando tudo de ruim, que eram muitas coisas, a Rocinha era um lugar bom para se viver.

Aos domingos, eu e minha família normalmente descíamos o morro até a igreja que frequentávamos, era um edifício antigo e enorme que acarretava quase toda favela em fiéis; até mesmo os envolvidos frequentavam o culto aos domingos, apenas alguns.

As mulheres, responsáveis pelo bazar e almoço beneficente, sempre ia mais cedo para arrumar todo o salão. Os homens, incluindo meu pai, desciam mais tarde quando tudo estava pronto, para pregar a palavra de Deus, e comer.

Era algo bonito de se ver, todos da comunidade vinham ajudar, e mesmo que de forma errada, os vapores da boca sempre iam ofertar e nos oferecer ajuda.

Vivíamos em uma harmonia complexa, não nos envolvíamos em seus problemas, deixavam os portões abertos para suas fugas e em troca, eles não nos matavam.

É, seria cômico se não fosse verdade...


****


"Vamos Catarina! Quanta demora, menina." - gritou minha mãe do andar de baixo, seus resmungos enfurecidos vindo da sala de estar me irritavam, era a quarta vez que me gritava pela casa apenas está manhã.

"Mãe, por Deus, vá na frente e me deixe me arrumar em paz. Não vou conseguir terminar com a senhora berrando em meu ouvido." - reclamei pela enésima vez. Ouvi seu suspiro irritado de longe e então ela apareceu sobre a porta.

"Para quê se arruma tanto? Deus repudia mulher vaidosa!" - reclamou com a voz firme, tomando de minha mão o glos rosa que tencionava usar.

"Mãe!"

"Rose, deixe a menina se arrumar em paz. Ela não vai pro inferno por usar um brilho nos lábios." - disse meu pai, enfim aparecendo no vão da porta para me responder.

"Tem razão, ela vai por coisas muito piores." - zombou minha mãe.

"Agora chega Roseane! Vá antes que eu perca minha cabeça com você."

A mulher saiu do quarto enfurecida, pisando fundo, bateu a porta com força e sumiu portão a fora em direção à igreja. Meu pai revirou os olhos sem paciência e devolveu em minhas mãos o glos que mamãe havia tomado de mim.

"Tome minha filha, não se importe com as piadas de sua mãe, sabe que ela nunca esqueceu aquele infeliz acontecimento." - confessou. - "Quero que seja a mulher mais linda de toda igreja, para que todos vejam quanto minha menina é belíssima."

As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora