Capítulo Onze

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A claridade adentrou o quarto pela fresta da janela, queimando minha pele. Acordei pouco desnorteada, sem saber exatamente onde estava ou que horas eram, minha cabeça latejava e meu corpo doía. Notei estar vestida com roupas diferentes, um copo com água e um comprimido ao lado, só então percebi estar morrendo de sede, tomei o remédio e entornei todo o líquido do copo.
Olhei ao redor reconhecendo quarto de Ana Lúcia, estava sozinha em sua cama. Não lembrava como tinha chegado ali ou encontrado com ela no caminho, mas dei graças a Deus por ter parado ali de algum jeito.
Meu celular estava carregando ao lado do travesseiro, assim que o encontrei peguei procurando o contato de meus pais, porém, notei já ter mensagens enviadas a eles ontem de noite, em meu nome. Na conversa de minha mãe "eu" dizia estar cuidado de Analu que tinha caído e se machucado na piscina, que voltaria para casa amanhã - hoje, no caso - pois ela estava sozinha em casa; para meu pai, "eu" disse que já tinha explicado tudo para minha mãe e desejei boa noite.
Meu pai desejou melhoras e boa noite e minha mãe não tinha respondido.

Ótimo, talvez Vinicius também estivesse com Analu quando me encontraram, só ele iria lembrar dessa questão em relação aos meus pais.

Tencionei levantar, mas ouvi vozes do lado de fora do quarto e acabei sentindo receio em descobrir quem estava lá. Será que meus pais descobriram e vieram me buscar? - pensei, nervosa.
Mas não, era Ana Lúcia apenas, ela entrou no quarto com um sorriso penoso e se sentou ao meu lado na cama.

"Está se sentindo bem?"

"Não muito, minha cabeça dói."

"Não é pra menos né, você ultrapassou os limites ontem."

"Eu sei, desculpa."

"Não precisa pedir desculpas a mim." - sorriu e deu de ombros. - "Mas, tem alguém lá fora que quer falar com você."

"Quem?"

"Souza." - instantaneamente fiz uma careta.

"Mande-a embora."

"Cat, pelo menos escute ela, você também não está com toda a razão, não deveria ter se metido nas coisas de Souza." - disse com a voz mansa.

"E o que esperava que fizesse? Assistir ela bater numa mulher na frente de todo mundo?" - me defendi cruzando os braços e bufei irritada.

"Ela bem que mereceu, confesse."

"Bem, talvez... mas isso não justifica a forma que ela falou comigo."

"Catarina não é assim que funciona o tráfico, a lei deles é uma só e ninguém deve interferir. Se a Souza abaixasse a guarda na frente de todo mundo por sua causa, o morro todo ia perder o respeito por ela. Se não queria ver deveria ter saído, não se metido no assunto." -  explicou. Respirei fundo e passei a mão no rosto nervosa.

"Eu só..."

"Eu sei, você não está acostumada com essas coisas, mas não pode de forma alguma se envolver nos assuntos deles, mesmo que role alguma coisa entre vocês duas, não pode se meter ou vai acabar se machucando." - assenti sem saber mais o que responder e respirei fundo de novo. - "Agora, eu acho que você deveria dar uma chance pra ela, nunca vi a Souza querer se resolver com ninguém, ontem foi a prova de que ela nunca tá nem ai pras mina que ela pega."

"Então porquê quer falar comigo?" - deu de ombros e sorriu.

"Talvez percebeu que você não é igual as outras." - ela se levantou e se virou para mim. - "Vou avisar que você vai se trocar e depois ela entra, ok? Pode ficar a vontade aqui."

"Certo, obrigada por ontem Lu."

"Que isso amiga, relaxa."

Então saiu porta a fora me deixando sozinha de novo. Prontamente levantei e arrumei a cama e o que tinha bagunçado, entrei na porta no canto do cômodo que suspeitei ser o banheiro, tinha uma peça de roupa separada em cima da pia de mármore, um macaquinho preto com decote V, alça fina e um lacinho na cintura. Tomei um banho rápido, prendi meu cabelo num coque frouxo e desajeitado, vesti a peça que ficou justa em meu quadril e sai do banheiro.

As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora