As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandido

Capítulo Trinta e Sete

Quando acordei já era noite. Encontrei Amanda ao telefone andando pelo quarto. Não senti vontade de me levantar ou avisá-la que estava acordada. Apenas fiquei ali, de canto, observando enquanto conversava aos sussurros com alguém do outro lado da linha.

Eu estava limpa, cheirando a banho e com roupas novas, de Amanda. Meu cabelo ainda estava um pouco umido. Minha boca estava seca e meu estômago reclamava de fome.

Imaginei, segundos antes de apagar no braço de Amanda, que quando acordasse me sentiria péssima, choraria ou me isolaria dos outros. Mas não. Sentia uma terrível calma e um alívio imenso. Agora estava tudo bem, estávamos bem. Em casa e seguras.

Deveria sentir medo. Aquela vida estava me mudando. Me tornando numa outra mulher. Em qual realidade paralela eu me imaginaria matando alguém? Nenhuma! Essa era a resposta. Jamais me imaginei nesse tipo de cenário. Acreditava que, apesar de estar envolvida com alguém do tráfico, isso não iria me afetar.

Mas isso era uma mentira! Uma mentira deslavada e sem cabimento. É impoasível viver nesse meio sem mudar. Sem se misturar. Sem se envolver. E na verdade, não tinha meio termo, ou você estava com eles, ou não estava.

E eu estava com Amanda. Não tinha nenhuma outra resposta para esta pergunta. Então, que toda mudança viesse para meu melhor. Para me amadurecer e me fortalecer nessa vida tão perigosa que eu escolhi seguir.

Com tudo que aconteceu no último ano, não tinha mais espaço em minha vida para antiga Catarina, a jovem menina que certamente surtaria com minha atual realidade.

Toda essa história era sobre evolução e amadurecimento.

"Você acordou!" - disse de repente. Não tinha notado que estava encarando o nada refletindo sobre os recentes acontecimentos.

"Oi." - murmurrei.

Amanda já estava sem o celular nas mãos e vinha em minha direção. Seu corpo estava quente e macio, transmitiu alívio para mim assim que nos enrroscamos uma na outra. Deitei em seu peito abraçando-a de lado e seus braços rodearam a mim da mesma forma.

Eu faria tudo novamente só pra sentir aquele cheiro outra vez. Aquele conforto gostoso que afastava toda preocupação da minha mente. Amanda respirou fundo e então despejou um beijo no topo da minha cabeça.

"Me desculpe." - pediu, depois de muitos minutos de silêncio.

"Está tudo bem." - respondi sinceramente. Ela se afastou um pouco e me olhou nos olhos.

"Não. Catarina, me desculpe. Foi tudo culpa minha. Eu deveria ter te protegido."

"Amanda, está tudo bem. Eu estou bem. Não pode se culpar por isso, não governa o curso das coisas." - me levantei e me apoiei sobre o cotovelo na cama.

"Mas..."

"Eu escolhi você, Amanda. E não pretendo mudar de decisão. Esse é o preço que pago por estar com você, e sinceramente? Pagarei quantas vezes for preciso, só pra estar com você."

"Pô loirinha, assim tu me deixa sem jeito."

"Estou apenas sendo sincera."

Deitei novamente em seu colo e nos agarramos outra vez.

"Agora que está tudo bem, tenho que te explicar um bagulho."

Ah... Tinha me esquecido disso...

"Sim?" - respondi, me fazendo de desentendida.

"Eu não te traí, loirinha. Jamais faria isso. Assim como você me escolheu, eu também te escolhi. Quero só você."