As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandido

Capítulo Vinte e Dois

Uma semana havia se passado. Sete dias de pura tortura e agonia, nunca me senti tão incapaz e incomodativa como agora, tendo ciência que precisava de ajuda pra absolutamente tudo, desde ir ao banheiro a me alimentar.
Agora as coisas já estão melhores, os remédios em sua maioria me dopam durante todo o dia, me despertando - coincidentemente - nos horários certos para tomar a próxima dose, me forçava a fazer o máximo que conseguia sozinha, mesmo com dor, mas nunca adiantava, alguém sempre aparecia pra me ajudar em qualquer coisa.

Era tão irritante e frustrante!

Mas não tinha muito o que fazer, além de já estarem a par do meu jeito teimoso, foram devidamente avisadas por Amanda e todos os outros que me visitavam.

O presente que foi me oferecido era uma televisão, uma smart gigantesca de não sei quantas polegadas que foi entregue na tarde seguinte ao seu anúncio, a única coisa que sabia era que tomava boa parte da parede de frente a minha cama. Tentei de todas as formas recusar, "isso é um absurdo de grande, Amanda! Não precisa disso.". Mas não adiantou, obviamente, estava começando a perceber que Souza era tão teimosa quanto eu.

Tenho ficado menos sozinha também, aceitei que não era isso que queria, Ana e Vinicius tem vindo muito me ver, e as outras meninas vem as vezes, todos me tratam tão bem, evitam ao máximo tocar no assunto ou nos nomes de meus pais, me distraem de tudo que tem acontecido. E quando vai embora maratono minhas séries ou assisto um filme qualquer.

Faltavam mais sete dias para fazer uma nova avaliação com o médico, a cada dia que se passava sentia meu corpo se recuperando mais um pouco, a dor absurda que sentia nos primeiros dias se tornou algo suportável, incomodativo, porém suportável por um breve período de tempo. E essa era minha maior desculpa para driblar minha própria consciência.

Era sábado à noite, já passava das 22h00min, a tia de Amanda tinha ido a casa de uma amiga e até então não tinha voltado e pelo que sabia, as empregadas estavam de folga, apenas uma tinha sido escalada.
Já bastava estar trabalhando sozinha num final de semana, ainda precisava me servir para tudo e qualquer coisa?

Por Deus, isso parecia absurdo pra mim.

Simplesmente não conseguia me conformar com isso, mesmo ciente que era necessário, me sentia profundamente incomodada em ter alguém à minha disposição desta forma.

Esse fim de tarde decidi tomar um banho caprichado e lavei os cabelos, tirei um peso enorme da cabeça que agora estava fresquinha e leve, e depois disso tinha me arrumado já para dormir, tudo sendo acompanhada e auxiliada, sem poder dar um sossego sequer a pobre senhora, mesmo querendo muito.

Escolhi um conjunto soltinho de camisa de alça fina e short doll, ambas as peças de estampa de corações vermelhos com fundo branco. Meus cabelos ainda estavam um pouco úmidos, com a cor meio dourada que sempre ficava, caiam como cascatas pelas minhas costas, parecia estar maior, mas achava ser apenas impressão, exalava cheiro de frutas vermelhas, meu novo aroma preferido.

Apesar de já ser tarde, não sentia um pingo de sono, na verdade, sentia apenas uma fome imensa que me deixava inquieta. Tinha jantado logo depois do banho, mas isso foi há quase quatro horas atrás, e ainda estava acordada até agora, já estava com fome de novo.

Engordei pelo menos cinco quilos nesse meio tempo, não que me importasse muito com isso, nunca fui fissurada em meu peso, mas era algo anormal para mim aumentar meu peso em apenas uma semana. Mas não era pra menos, as senhoras me alimentavam de três em três horas seguindo restritamente as prescrições médicas, ou só as ordens de Souza mesmo...

Como era a frase do filme "Minha Mãe é uma Peça" de André Pellenz, dita pela personagem Dona Hermínia "é de três em três horas uma fruta, uma maçã, não um prato de lasanha de três em três horas!". Aparentemente, as pessoas que viviam naquela casa e cuidavam de mim nunca tinham assistido esse filme.