O aglomerado de pessoas do lado de fora da casa empatou nossa visão assim que chegamos, de repente, todo mundo da festa tinha se concentrado num só lugar; abrindo caminho, Souza foi passando por todos me guindo atrás de si, ainda me segurando pela mão.
"Coé menor, que porra é essa aqui?" - perguntou assim que chegou. Observei atrás de si os olhares de alguns e algumas, e principalmente das minhas amigas, voltadas para nossas mãos, o sorrisinho malicioso surgiu assim que seus olhos se encontraram com os meus.
"Aah que bom que a margarida apareceu. Ô Souza, vô da o papo, controla essa vagabunda que cê come pra gente não ter que levar ela pras ideia, se ligou?!" - ele apontava pra alguém que ainda não tinha conseguido ver, Souza estava na minha frente tapando minha visão de quase tudo.
"Irmão, tenho nada haver com essa mina não, desce o cacete a vontade, foda-se." - disse já tencionando ir embora, mas alguém segurou em seu braço.
"Amanda como assim?" - reconheci na mesma da hora a voz de Raquel.
"Amanda? Que ousadia é essa mina, tá me tirando nesse caralho?!"
"Por que ela pode te chamar assim e eu não?"
"Raquel eu não devo porra de satisfação nenhuma a você não, segue teu caminho irmã, me esquece."
"Souza resolve seus b.o, a mina tava fazendo maior algazarra aqui só porque você e a irmãzinha da igreja tinham sumido." - Amanda riu com sarcasmo evidente e se soltou de mim. O calor de sua mão fez falta é um incômodo que me surpreendeu, escondi a má sensação e olhei com atenção toda cena. Ela caminhou o homem que falava com ela e passou a mão pelos seus ombros.
"Formiga, eu já disse que não quero nenhum envolvimento com essa mina, faz o que cê quiser pra doutrinar essa cachorra, não me interessa, só não enche a porra do meu saco por essa doida." - disse e riu voltando em minha direção.
Mas era tarde demais, quando virei ela já estava praticamente em cima de mim, só percebi sua ação quando já estava caindo de costas na piscina e Raquel parada na beira da mesma assistindo minha queda enraivada.
Emergi segundos depois com o puxão de Souza em meu braço, ela tinha se jogado na piscina para me buscar, o vestido estava dificultando meus passos então saímos com dificuldade, ela me segurou pela cintura e me ergue na beirada me pondo sentada, logo depois subiu e sentou ao meu lado."Tá bem loirinha?" - perguntou preocupada. Eu tremia de frio pois já era noite, e meu pé doía por ter sido empurrada de mal jeito, mas no geral estava bem.
"Tô." - ela assentiu e se levantou sem dizer mais nada.
Pela situação estava alheia ao que acontecia atrás de mim, quando Souza se levantou, segui com os olhos seus passos e tive a visão de Maria Fernanda em cima de Raquel e Ana Lúcia discutindo com Joseane, quase se atracando também. Maria batia tanto em Raquel que mal conseguia ver seus movimentos, apenas seus gritos desesperados, Vinicius de repente apareceu na festa e notei segurar Analu e outro rapaz segurava Joseane, discutiam quase saindo no tapa também.
"PAROU ESSA PORRA!" - gritou Souza e deu um tiro pra cima, aquilo me assustou e me fez estremecer mais ainda, dei um gritinho pelo susto. Ana Lúcia e Joseane pararam de discutir e pela minha reação, de repente chamou sua atenção, então ela e Vinícius correram em minha direção e me ajudaram a levantar.
Playboy, sob ordens de Souza, pegou Maria Fernanda pelo braço tirando ela de cima de Raquel, ela discutiu tentando a todo custo voltar a briga, mas playboy não a soltou.
"Coé Maria, segura a emoção porra!" - gritou e ela se deu por vencida, parando de se debater em seus braços.
"ESSA VAGABUNDA VEM QUERER EMPURRAR MINHA AMIGA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É Ô SUA CACHORRA!" - gritava a todos pulmões.
"Menor, tira essa mina daqui." - mandou Souza. Playboy saiu com Maria segurando-a pelos braços, quando passou por mim me lançou um olhar preocupado e perguntou em sussurro se eu estava bem, assenti que sim em resposta.
Voltei minha atenção para Souza que agora levantava Raquel do chão."Obrigada amorzinho, olha o que ela fez comigo!" - choramingou.
Mas antes de sequer responder Souza ergueu a mão e desferiu um tapa em seu rosto, o estralo foi alto e puxou uma lufada de ar assustado de todos, com o impacto, Raquel caiu novamente no chão. Pelo susto, dei um passo à frente e levei as mãos a boca. Mas Souza não se deu por vencida e pegou Raquel pelos cabelos a erguendo novamente do chão.
Aquilo era demais para mim. Mesmo depois do que ela fez comigo aquilo era muita humilhação pra uma pessoa só. No impulso, ou talvez ainda no álcool, me desvencilhei dos braços de Analu e Vinicius e fui até Souza.
"Amanda, não precisa disso tu..."
"Fica na tua mina!" - ordenou.
"Amiga, não se mete não, vem."
"Catarina."
- falaram os dois atrás de mim.Mas tampouco prestei atenção. Estava pasma demais para dar qualquer resposta. Várias vezes já tinha sido insultada pela minha mãe, por palavras muito piores que aquela, mas nunca tinha doido tanto ser tratada daquela forma. Subitamente - e me deixando confusa - meus olhos lacrimejaram e eu recuei. Ela então percebeu o quanto aquilo tinha me machucado e fez menção de largar Raquel e vir até mim, mas era tarde demais, tudo tinha se misturado e me deixado confusa demais. Antes que pudesse raciocinar qualquer coisa, dei as costas e fui embora.
Minha cabeça começava a doer pelo álcool que esvaia o efeito, além de todas as incertezas e confusões que rondavam minha cabeça. Não entendia o porque tinha ficado tão mal com a forma que Amanda me tratou, não era uma sensação normal de ofensa, sentia uma tristeza profunda que consumia todo meu raciocínio, algo que realmente me machucou.
Não queria voltar a encontrá-la tão cedo, ou nunca mais, se fosse possível, estava magoada, bêbada e sem rumo, e metade disso era culpa dela.
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As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandido
Romansa¡AVISO! Aos novos leitores, não é necessariamente obrigatório a leitura de "Amor de Bandido Part. I" para entender o enredo dessa história, apesar de conter a mesma base, serão livros distintos. Ps.: Porém, recomendo que leia todos, são incríveis...