Capítulo Vinte e Cinco

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Dessa vez não tinha a luz do sol queimando minha pele para me acordar, não tinha barulho de faxina para despertar meu sono, nem alguém me cutucando para tomar meus remédios.

Tinha apenas o cheiro inebriante de Amanda envolta de todo o cômodo e seu peso sobre mim. Braços e pernas misturados ao ponto de não saber onde eu começava e ela terminava.
Observar ela enquanto dormia tranquilamente era meu novo vício. Ali, respirando serenamente, com as feições calmas, pude me perder na profundidade que era seu ser, na imensidão que ela era, aquelas iris verdes que tampouco lembravam o mar, mas podiam me afogar nas águas mais profundas e perigosas.

E isso era o que meu corpo mais almejava...

"É falta de educação encarar as pessoas." - disse subitamente, ainda de olhos fechados. Sorri surpresa e deitei a cabeça de volta no travesseiro.

"Há quanto tempo está acordada?"

"Mais do que imagina."

"Isso foi golpe baixo."

"Por que? Gostei de ver você me encarando."

"Como estava me vendo se não vi você mexer os olhos?"

"Um mágico nunca conta seus segredos." - então ela enfim abriu os olhos, se ergueu apoiando o peso sobre o cotovelo e se inclinou para mim. - "Bom dia, loirinha."

"Bom dia." - respondi sem graça.

"Já falei que você fica uma graça vermelhinha assim?"

"Já." - sorrimos como bobas.

"Que tipo de feitiço você jogou em mim?"

"Não tenho culpa que se encantou pela primeira menina diferente das que está acostumada."

"Me encantei é? Tá ficando convencida em, loirinha."

"Estou sendo realista." - ela revirou os olhos, mas por fim sorriu.

Batidas soaram contra a porta nos chamando a atenção, segundos depois Cíntia atravessou o portal de entrada ao cômodo sem notar a presença de Amanda, simplesmente caminhou até a cortina e as puxou para o lados dando passagem para claridade entrar.

O sol estava de volta, tudo estava normal no Rio.

***

Os dias se transformaram em semanas e com isso um mês completo se fechou. Muita coisa tinha acontecido naqueles trinta e um dias e uma delas foi a minha recuperação total, meus machucados agora não passavam de marquinhas e pequenos cascões que ainda estavam sendo cuidados. Mas dessa vez por mim.

Meu atestado médico ainda me restava mais uma semana de "folga", o que significava que não próxima segunda-feira já estava tudo de volta ao normal, completamente.

Vinícius tinha finalmente oficializado seu namoro com Ana, Marcelle e Chefinha também estavam juntas e recentemente tínhamos descobertos o novo casal top 10 do morro.

Maria Fernanda e Matheus, vulgo Playboy.

Tinham sido pegos no ato profano pela própria mãe da Maria, a coitada só não caiu dura no chão pela graça de Deus!

Quando nos juntamos no último final de semana e Mafê nos contou isso às gargalhadas foi impossível não se juntar a ela e rir junto, mas foi o momento mais assustador de sua vida, em suas palavras.

Por fim, tudo parecia tão tranquilo e normal que no fundo não parecia, como se alguma peça faltasse, um pressentimento ruim ou algo do tipo, que assolava meu peito e me deixava inquieta.
Mas tudo estava perfeitamente normal, dizendo Amanda, mas não conseguia acreditar nela, alguma coisa, alguma fagulha estava solta, e pela sensação ansiosa que assolava meu peito, não iria demorar para se mostrar.

As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora