As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandido

Epílogo

Cinco anos depois...

"E então? O que tem aí?"

Minhas mãos tremiam e meu coração tamborilava dentro do peito.

"Eu... E-eu não sei, Fê. Estou nervosa." - Maria bufou alto e tomou o teste da minha mão.

"Dá aqui, já sou quase uma especialista nesse negócio." - ela olhou por uns segundos e então sorriu.

"O que? O que foi?" - perguntei nervosa.

"Deu positivo."

"Jura?"

"Ela está grávida?!" - perguntou Ana, pondo a cabeça na porta do banheiro.

"Está."

"Estou?"

"Vem bebê aí?" - apareceu Bruna dessa vez, com Alicia no colo.

"Vem."

"Vem?"

"Você ainda não entendeu que está buchuda?!"

"Ai meu Deus."

"É, ai meu Deus mesmo." - disse Fernanda, sorrindo.

"Ela parece que vai desmaiar."

"Sim, olha como está pálida."

"Você vai?" - perguntou Mafê.

"O que?"

"Desmaiar."

"Não sei..."

"Ok, vamos sentar um pouco."

Seguimos as quatro para o quarto e nos sentamos na cama. Sentia meu coração pulsar com força dentro do peito, não da forma ansiosa que há alguns minutos atrás, mas quase em pânico. Maria fazia uma leve carícia em minhas costas enquanto Ana segurava minha mão, e Bruna tentava distrair Alicia para não chorar.

"Você está bem, Catarina?"

"Não está feliz?"

"Estou, é que... Depois de tanto tempo, tantas tentativas. Achei que... Que seria outro negativo, achei que... Bem eu... Eu não sei, já tínhamos perdido as esperanças... E já tem tanto tempo desde que tentamos... Faz o que? Dois, três meses. E só agora deu positivo?"

"É mas, os quatro que você fez deu positivo. Não tem como dar errado assim."

"Eu nem tive nenhum sintoma, nem senti nada... Isso está... Ai Deus, isso não parece certo."

"Eu sei. Eu também fiquei assim  na gravidez de Alicia, se lembra?" - perguntou Maria. Assenti e ela sorriu. - "É normal todo esse nervosismo. Quando a ficha realmente cai você fica sem acreditar na realidade."

"Mas estamos aqui com você, Cat."

"Sim, com toda certeza. E vocês duas serão ótimas mães."

"Vocês acham?" - todas assentiram em conjunto.

Oh Deus... Eu estava grávida. Agora era real e oficial. Eu estava, definitivamente, gerando um ser vivo dentro de mim.

Nós comemoramos juntas, choramos e sorrimos e no final, tinha tanta felicidade em meu corpo que poderia transbordar. Era a realização de um sonho. Era meu momento mais feliz.

E mal esperava para aquela pequenina partticula de felicidade fosse duplicada ao contar para Amanda.

***

A caixa estava sobre cama. Numa posição que demorei muito para escolher. Era pequena, de cor branco e um laço lilás delicado.

Eu estava arrumada, vestia um vestido soltinho de cor rosa e os cabelos soltos, simples.

Assim que ela chegou, eu senti. Meus ouvidos sensíveis demais a qualquer movimento, tal como meu coração, que batucava dentro do peito de um jeito descontrolado.

Amanda estava voltando de um plantão e eu ansiava fervorosamente que nada tivesse estragado seu humor aquele dia. Eu queria que tudo saísse perfeito.

Seus passos chegaram ao topo da escada, ecoando pelo andar, e vieram em direção ao quarto. A porta estava fechada e eu estava em completo silêncio. Vi ela exitar ante a porta quando chegou, talvez estranhando o silêncio da casa. Mas não demorou muito.

Assim que ela abriu a porta, lentamente, seus olhos correram pelo quarto, procurando por qualquer coisa diferente ou fora do lugar. Quando parou em mim, ela sorriu.

Ela continuava sendo minha Amanda. Do mesmo jeito que há seis anos atrás quando nos conhecemos. Em minha memória permanecia sendo tão charmosa quanto possível. Os anos não tinham feito tanto efeito em seu físico. E mesmo que fizesse, ela ainda era ela. A minha Amanda.

"Oi, meu bem." - ela veio em minha direção, com jma careta cansada no rosto e me abraçou.

"Oi, amor."

"Como foi o plantão?

"Tranquilo." - nos afastamos e ela me olhou nos olhos. - "Está bonita e cheirosa... Esqueci alguma coisa?"

"Não, não... É que... Eu..."

"O que foi, loirinha?" - ah eu amava como ela me chamava assim. Mesmo depois de tantos anos.

"Tenho um presente para você."

Coincidentemente, ela virou o rosto parando na caixa sobre a cama. Ela sorriu e se afastou indo em direção ao presente.

Não consegui me movimentar, estava nervosa demais para fazer qualquer outra coisa. Então ela se sentou na ponta da cama, trouxe o pequeno objeto para perto de si e desatou o laço. Meu coração acelerava mais e mais a cada segundo, a cada movimento seu. Apertava os dedos nervosamente enquanto forçava um sorriso tranquilo no rosto.

Dentro da caixa tinha uma carta, um par de sapatinhos e o teste. Assim que visualizou os itens, se virou para mim sem acreditar.

"Não amor..." - disse surpreesa. - "Não brinca comigo, Cat."

"Não estou, meu amor..." - e sem perceber eu já estava em lágrimas.

Ela se levantou e correu até mim, me envolvendo com os braços e me girando no ar. Nossos gritos se misturaram e nossa felicidade se mesclou numa sintonia deliciosa. Foi um momento mágico. Amanda me beijou, me abraçou, me apertou, se declarou para mim e me lembrou várias vezes o porque de ter escolhido ela para minha vida.

Teria escolhido outras mil vezes se necessário.

"Lê a cartinha que eu fiz..." - sugeri emocionada.

"Ok."

Ela foi até a cama novamente, abriu a caixinha que pegou a carta.

"Querida Mommy,

Depois de muito tempo e muitas tentativas, enfim eu cheguei. Queria te dar a notícia pessoalmente, mas infelizmente minha viagem demora um pouco. Então, minha mamãe será minha garota recado esta noite!

Aguarde um pouco, Mommy, ficarei por um longo tempo aqui dentro, mas não se preocupe, o tempo vai passar tão rápido que você não vai nem perceber.
Aproveite cada minuto dessa nova fase da mamãe, tenha paciência, ela está gerando o maior amor da sua vida.

Eu, é claro.

Estou muito ansiosa para conhecê-la, por favor, me espere, te garanto que não vai se arrepender!

Com carinho, seu futuro pacotinho 🩷"

E esse era nosso final feliz. Mesmo em meio de tanta turbulência também encontramos nosso final feliz.

E eu só esperava de todo meu coração que pudesse ser um terço do que àquela criança merecia. Que pudesse dar a ela a família que eu nunca tive. Cheia de carinho, diálogo, respeito e amor.

Afinal, como vocês já sabem...

Bandida também ama.