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(Luara cap)

- Luara levante!
- Escuto a voz agoniante de Jacob.

- Qual é o seu problema comigo ein?
- Questiono me sentando na cama.

- Adivinha?
- Ele sorri provocativo.

- Se não queria ter que lidar com uma filha de 20 anos no mesmo teto que o seu, não engravidasse minha mãe!
- Reviro os olhos e ele respira fundo.

- Já vi que não dá pra brincar com você, esquece, vamos ao mercado.
- Ele diz fazendo sinal para que eu me levantasse e sai deixando a porta aberta.

Me levanto e fecho a porta, mesmo que eu quisesse voltar a dormir eu não vou conseguir então é melhor eu ir pro banho para ir ao mercado com ele.

Separo uma calça com alguns rasgos e uma regada, contudo também uma blusa de frio cinza.

Entro no banho e faço todas minhas higiene matinais, me enrolo na coberta e saio para o quarto.

Me visto e prendo meu cabelo em um coque frouxo.

Passo uma maquiagem básica e coloco um colar com uma cruz prata e um mini porta fotos, o preferido da mamãe, ela carregava minha foto aqui, agora eu carrego o dela...

Coloco o capuz da blusa na cabeça e saio do meu quarto, desço as escadas e me encontro com meu pai que me esperava sentado no sofá.

- Estava se arrumando até agora? Vamos apenas ao mercado, não para um casamento.
- Ele diz desligando a TV e se levanta.

- Não é por que você anda de qualquer jeito que eu vou andar também.
- Falo indo até a porta e ignorando sua presença atrás de mim.

- Fale direito comigo, agora você mora debaixo do meu teto e me deve respeito.
- Reclama em um tom autoritário.

- Não vou discutir com você, apenas vamos acabar com esse inferno logo.
- Corto seu tempo de fala e ele não responde.

- Vou pegar o carro, espere aqui.
- Ele vai até a garagem enquanto eu tranco a porta de casa, espero ele pegar o carro e ele fecha a garagem e entra no carro e eu faço o mesmo.

Ele dá partida e fica um silêncio insuportável, até que decido colocar o fone de ouvido.

Acabou de colocar o fone quando ele puxa de forma abrupta.

(Abrupta: Adjetivo Que aparece de maneira repentina, inesperada; súbito, imprevisto: )

- Oque foi?
- Questiono olhando para seu rosto de forma séria.

- Não quero você com esse aparelho e esse comportamento insuportável, pensei que fosse mais madura.
- Diz e dá risada como se ele tivesse feito uma piada.

- Primeiro, o celular e o fone são meus, você não tem DIREITO nenhum de tocar sem minha permissão, e segundo, eu estou te tratando da mesma forma que tratou minha mãe quando descobriu que ela estava grávida.
- Falo com ódio na voz mas de forma civilizada e ele ri novamente.

Escroto de merda.

- Não é nada contra você filha, mas eu não estava pronto para ser pai.
- Ele fala de modo que parece ser sincero, mas isso tudo não passa de teatro.

- Ela também não estava pronta para ser mãe, mais adivinha? Ela não correu de suas responsabilidades, ela arcou e deu o melhor dela para ser uma boa mãe, ela tirou dela para dar para mim, você nunca vai saber como é ser amado de verdade, da maneira que eu fui.
- Retruco desviando meus olhos de você e levando para a paisagem a frente.

- Não seja tão cruel, eu não fugi da minha responsabilidade, eu apenas cogitei não atrapalhar na sua criação.
- Ele diz me fazendo rir.

- Cogitou? Quer saber? Não me importa o motivo de você ter me abandonado, não me importo nem um pouco com oque você passou, com o que sentiu e muito menos se você teve peso na consciência, mas não venha me fazer parecer a escrota da história, por que nós dois sabemos quem foi o babaca aqui.
- Falo porém não olho em seu rosto.

Sinto lágrimas virem mas eu luto para não mostrar fraqueza.

Não minto, eu senti a vida inteira, fiquei me perguntando o por que dele não me querer, mas eu já superei, sou madura e entendo que nem todo mundo arca com suas responsabilidades, nem todo mundo quer ser feliz de verdade, alguns apenas querem viver os momentos que a "vida" lhe dão, mas eu serei diferente.

"Engole o choro" lembro que minha mãe falava isso sempre que eu perguntava do Jacob e do por que ele não me querer.

Ela sempre me falava...

Flashback On...

(6 anos de idade)

- Mamãe, por que o Papai não está com a gente?
- Pergunto limpando meu nariz que estava escorrendo.

- Ah filha, por que eu e o papai decidimos que seria melhor assim, mas ele te ama muito? Apenas não descobriu isso ainda.
- Ela sussurra a última parte enquanto penteia meu cabelo.

- E quando ele vai descobrir? Vai demorar muito?
- Pergunto me virando para ela.

- Logo logo filha, não se preocupa, o amor da mamãe não é o suficiente?
- Ela pergunta fazendo cara de choro.

- Claro que é mamãe, eu te amo muito.
- Ela sorri e eu sorrio ao ver seu sorriso.

- Filha, às vezes, as pessoas precisam se afastar para encontrarem seu próprio caminho, mas você tem a mim, e eu estarei aqui a cada passo que der, se você cair a mamãe vai te levantar.
- Ela fala limpando as lágrimas que caem pelo meu rosto.

Eu sinto falta dele, embora nunca tenha o conhecido.

- Você vai me deixar cair?
- Pergunto olhando em seus olhos e ela sorri.

- A mamãe fará o possível pra que isso não aconteça, mas se acontecer eu vou te levantar, afinal somos seres humanos, sempre cairemos, mas temos que ser fortes e nos levantar entendeu?
- Ela pergunta e eu balanço a cabeça, e me abraça.

- Agora vamos limpar esse nariz pra você ir dormir por que amanhã tem aula.
- Ela diz pegando um pano e limpando meu nariz.

Me pega no colo e me coloca na cama e quando vai me cobrir eu pego meus ursinhos e os abraço fechando os olhos.

Sinto seus lábios em minha testa e antes de apagar ela diz que me ama e que sempre estará comigo.

Flashback Off...

E cadê você agora mãe? Você quebrou sua promessa...

- Luara!
- Escuto a voz dele no fundo e saio dos meus pensamentos.

- O quê?
- Pergunto e ele aponta para o enorme mercado um pouco distante.

Não falo nada e apenas desço fechando a porta do carro e esperando por ele.

Fomos até o mercado e compramos algumas coisas, dividimos a sacolas pra ninguém carregar peso e atravessamos a rua para ir até o carro.

Estávamos andando em direção ao carro que estava uns 15 minutos quando sinto como se alguém estivesse me observando.

Vejo um carro vermelho passar e olho para dentro do mesmo encontrando ele...

O cara que esbarrei e que disse que eu era "dele"

Dian...

Me observou de forma séria e me seguiu com seu rosto como se quisesse saber onde estava indo, até que sua visão foi para meu pai.

Mas logo o carro acelera e eu voltei minha atenção para frente quase trombando com o carro.

Colocamos nossas coisas no porta malas do carro e entro e me sento no banco de trás.

Coloco meu fone e solto a música fechando os olhos e ignorando as prováveis olhadas de raiva que Jacob me dava.

Aumento o som no último e dali para frente não penso em nada e não ouço nada além da música.

Os ruídos desapareceram, as vozes sumiram, a tela ficou completamente preta.

Não vejo nada nem ninguém, e por mim podia ser assim para sempre...

Querido Diannkley.Onde histórias criam vida. Descubra agora