O dia amanheceu frio naquela sexta-feira, e desde que as aulas começaram na terça, Alice dormira pouco. Talvez por ansiedade, por preocupação, por ocupação. Ela realmente não conseguia dizer, apenas não conseguia relaxar até sentir que tudo estava sob controle novamente.
O vento frio a obrigou a pôr uma bota com um pequeno salto, jeans e um casaco grosso por cima, deixou seus fios lisos soltos novamente. Já era o último dia da semana, e se ela bem lembrava, os alunos estariam agitadíssimos na espera do final de semana. Colocou todo o material dentro de sua bolsa e foi em direção à cozinha que já estava com o cheiro maravilhoso do café que Fred preparava.
— Bom dia! – Cumprimentou os quatro irmãos, e embora os dois menores que estavam nas cadeiras altas não entendessem muito, abriram um sorriso para Alice. — Precisa de ajuda? – Perguntou para Fred que estava mexendo no celular enquanto tomava café. Ele negou com a cabeça dando-lhe um sorriso sem mostrar os dentes.
— Eu preciso falar com você. – Lavínia disse assim que a mais velha se sentou. Foi como se a cena congelasse, Alice olhou para ela com a sobrancelha arqueada e Fred parou sua xícara no meio do caminho para olhar sua irmã mais nova.
— Estou ouvindo. – Alice respondeu debruçando-se para alcançar a maçã do outro lado da mesa.
— Não está funcionando. Esse lance de pegar ônibus para voltar para casa. Não. – Reclamou e a mais velha fez um sinal com a mão como se pedisse para ela continuar. Lavínia passou a mão nos cabelos claros. — Eu sei que temos o que o papai deixou para nós, quer dizer, o que não foi roubado. – Satirizou girando os olhos escuros antes de continuar. — E eu sei também que tenho parte nesse dinheiro. E eu preciso de um carro de novo, preciso do meu carro de volta. Um carro para nós três não está funcionando. – Terminou e Fred olhou para Alice antes de dar uma risada pelo nariz.
— Lavínia, piada essas horas da manhã não, por favor. – O rapaz disse dando mais um gole no café. — O dinheiro que temos guardado é para emergência.
— Mas isso é, definitivamente, uma emergência. – Continuou defendendo seu ponto de vista.
Alice e Fred riram. — Eu não tenho nenhum problema com o ônibus, mas, tudo bem, pode comprar um carro. – Alice falou e Fred fechou as expressões no mesmo momento, mas antes que ele questionasse, ela continuou. — Se você puder pagar o carro todo, revisão, óleo, seguro, manutenção... Esqueci algo, Fred? – Perguntou um tanto irônica para o irmão.
— Gasolina. – Respondeu levantando as sobrancelhas para Lavínia antes de sorrir.
— Bem lembrado! Gasolina e todas as despesas relacionadas a ele sem nos pedir um centavo. – A mais velha concluiu tomando seu café. — Aí você vai poder comprar um, sem problemas. O que acha? – Sugeriu e Lavínia olhou para os dois que a olhava numa mistura de satisfação e ironia.
— Esquece. Eu consigo uma carona. – Garantiu-se dando-lhes um sorriso forçado sem mostrar os dentes antes de sair da mesa.
Os dois mais velhos se olharam e riram, o rapaz levantou o punho esquerdo e Alice bateu no dele com o seu. — Vamos lá. – A morena chamou-o apontando com a cabeça para fora, eles levantaram-se pegando os bebês e indo para o carro.
(...)
Uma das primeiras coisas que Alice notou sobre a arte de ser professor, era que não podia deixar seus alunos chegarem antes dela na sala, portanto, sempre ia para sua sala assim que chegava, passando pela sala dos professores rapidamente e organizava tudo antes mesmo do sinal tocar.
— Bom dia. – Alguns alunos a cumprimentavam quando passavam por ela na mesa. A morena preferia assentir com um pequeno sorriso no rosto, ainda não sabia o nome de quase ninguém, então preferia não arriscar. Deixou que eles se acomodassem e conversassem por uns cinco minutos enquanto passava uns tópicos sobre Pressão no quadro.
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What?
Romance"A história conta sobre Alice Benson, uma mulher de vinte e quatro anos, pavio curto, culta e bem decidida que teve sua vida completamente mudada após tudo dar um giro de trezentos e sessenta graus. As coisas começam a tomar rumos que ela não imagin...