Capítulo 35

698 72 33
                                    

Maratona 1/3

"Nem todo o tempo do mundo consegue curar um coração ferido pela dor de perder um filho"

Pov. Sue

Sue caminhou lentamente pela casa vazia, cada cômodo ecoando com a ausência de Leah. As paredes pareciam fechar-se sobre ela, cada fotografia, cada desenho infantil, uma lembrança da filha que ela nunca mais abraçaria. Sue sentia o peso da culpa, esmagadora e implacável. Ela havia se perdido em suas próprias preocupações, negligenciando os sinais de que Leah precisava dela. Agora, tudo o que restava era o silêncio e a dor de um adeus que chegara cedo demais.

A cozinha ainda mantinha o cheiro do bolo de chocolate favorito de Leah, que Sue prometera fazer, mas nunca encontrou tempo. O relógio na parede marcava as horas, indiferente à tragédia que desmoronava o mundo de Sue. Ela se perguntava como poderia ter sido tão cega, tão consumida por trivialidades enquanto Leah lutava com seus próprios demônios.

Sue deslizou até o chão, o frio dos azulejos pouco comparado ao gelo em seu coração. "Eu deveria ter estado lá", ela sussurrava entre soluços, "Eu deveria ter visto." Mas as palavras eram vazias, um sussurro perdido na imensidão da sua dor. Preparar outro velório era uma tarefa mecânica, um ritual sem sentido para uma mãe que já havia enterrado sua alma junto com sua filha.

Enquanto a noite caía, Sue se encontrava sozinha na escuridão, a luz fraca da cozinha mal tocando as bordas do seu luto. Ela pensou em Leah, na menina que corria pelo jardim, os longos cabelos escuros como a noite balançando ao vento, os olhos cheios de sonhos e maravilhas. Agora, o jardim estava silencioso, as flores pareciam murchar em respeito à pequena vida que se fora.

No silêncio, Sue ouviu um som suave, quase imperceptível. Era o som de uma guitarra, a melodia que Leah tanto amava. Seth estava lá fora, sob o céu estrelado, tocando a canção favorita de sua irmã, uma serenata para a alma que partiu. Sue abriu a porta dos fundos e o som ficou mais claro, mais presente, como se Leah pudesse estar ali, dançando na brisa da noite.

Sue se aproximou de Seth, que parou de tocar assim que a viu. "Eu não consigo parar de pensar que poderia ter feito algo," disse ele, a voz embargada pela emoção. "Nós todos poderíamos mas ignoramos" respondeu Sue, sua voz um sussurro trêmulo. Eles se abraçaram, dois corações partidos buscando conforto um no outro.

A noite avançou, e com ela veio a promessa de um novo dia. Sue sabia que o sol nasceria novamente, indiferente à sua perda, mas ela também sabia que cada amanhecer traria a lembrança de Leah. A dor nunca desapareceria completamente, mas talvez, com o tempo, ela aprendesse a viver com ela. Por agora, ela se permitiria sentir cada onda de tristeza, cada lágrima, cada memória, como um tributo à filha que ela amava tão profundamente.

E assim, entre a escuridão e a luz, entre a dor e a memória, Sue começou a aceitar a jornada do luto, um passo de cada vez, sabendo que Leah sempre estaria com ela, no sussurro do vento e na melodia de uma guitarra sob as estrelas.

Sue encontrou Billy Black na varanda de sua casa, o olhar dele transmitia uma tristeza profunda que espelhava a dela. Ele se levantou lentamente da cadeira de rodas para cumprimentá-la.

**Sue:** _Billy, eu... Eu não sei como enfrentar isso._

**Billy:** _Sue, não há palavras certas que eu possa dizer. A dor de perder um filho... é algo que nenhum pai deveria conhecer._

**Sue:** _Eu me sinto tão perdida. Leah era minha luz, e agora... agora tudo está escuro._

**Billy:** _Eu sei, Sue. Mas você não está sozinha nessa escuridão. Nossa comunidade, nossa família, estamos todos aqui por você e por Leah._

FUTURA SENHORA GREY - Leah clearwater & Christian Grey.Onde histórias criam vida. Descubra agora