Capítulo 5

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Mon

A universidade fica a oito quilômetros da cidade de Hastings, em Massachusetts, que só tem uma rua principal e umas duas dúzias de lojas e restaurantes. O lugar é tão pequeno que é um milagre eu ter conseguido um trabalho de meio período ali, e agradeço a Deus por isso todos os dias, porque a maioria dos alunos é obrigada a dirigir uma hora até Boston se quiser trabalhar durante o ano letivo. Para mim, é uma viagem de dez minutos de Ônibus ou cinco, se for de carro - até o Della's, a lanchonete em que trabalho como garçonete desde o primeiro ano da faculdade.

Esta noite a sorte está do meu lado: vim de carro. Tenho um combinado com Taylor, uma das meninas no nosso andar. Ela me deixa usar o carro quando não precisa, desde que eu devolva com o tanque cheio. É o acordo perfeito, principalmente no inverno, quando tudo fica coberto de neve, parecendo um rinque de patinação.

Não morro de amores pelo meu trabalho, mas também não odeio o que faço. Paga bem e é perto do campus, não tenho do que reclamar.

Esquece que falei isso.... Hoje tenho todo o direito do mundo de reclamar. Porque trinta minutos antes do fim do expediente, vejo Samanun numa das mesas do meu setor.

Sério?

Essa garota não desiste nunca?

Não estou com a menor vontade de atendê-la, mas não tenho escolha. Hailee, a outra garçonete, está ocupada tirando o pedido de um grupo de professores numa mesa do outro lado do salão, e minha chefe, Della, está atrás do balcão azul bebê de fórmica, servindo fatias de torta de nozes para três calouras sentadas nos bancos giratórios à sua frente.

Fecho a cara e caminho até Sam, deixando minha insatisfação bem evidente ao encarar seus olhos castanhos reluzentes. Ela passa os dedos pelos cabelos escuros e abre um sorriso torto.

- Oi, Mon. Que prazer encontrar você aqui.

- Imenso, - murmuro, puxando o bloco de pedidos do bolso do avental. - O que vai querer?

- Uma professora particular.

- Desculpa, está em falta. - Sorrio, com gentileza. - Mas a torta de nozes é uma delícia.

- Sabe o que fiz na noite passada? -  ela pergunta, ignorando meu sarcasmo.

- Sei. Ficou enchendo o meu saco com aquelas mensagens.

Ela revira os olhos. - Quis dizer antes disso.

Finjo pensar um pouco. - Hmm... pegou uma líder de torcida? Não, pegou o time feminino de Futebol. Não, espera, vai ver elas não são fúteis o suficiente para você. Vou ficar com a primeira opção... lider de torcida.

- No caso, uma garota de fraternidade, - responde, convencida. - Só que queria dizer antes disso. - Ela ergue uma das sobrancelhas escuras. - Mas to muito intrigada com seu interesse na minha vida sexual. Posso dar mais detalhes uma outra hora, se você quiser.

- Não quero.

- Outra hora, - repete ela, num tom desdenhoso, juntando as mãos sobre o tecido xadrez azul e branco da toalha de mesa.

Sam tem os dedos longos, as unhas curtas e as juntas ligeiramente avermelhadas e arranhadas. Me pergunto se andou brigando recentemente, mas logo me dou conta de que deve ser por causa do hóquei.

- Eu tava no grupo de estudos, - me informa ela. - Tinha mais oito pessoas lá, e sabe qual era a nota mais alta? - Ela praticamente cospe a resposta antes que eu possa tentar adivinhar. - Seis. E nossa média combinada era de quatro. Como vou passar na segunda chamada se tô estudando com gente tão burra quanto eu? Preciso de você, Monmon Phetpailin.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora