capítulo 9

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Mon

Na tarde seguinte, Yuki liga bem na hora em que estou saindo do prédio de música num rompante, depois de mais um ensaio desastroso com Austin.

- Uau, - exclama, diante do meu jeito seco. - Que bicho te mordeu?

- Austin, - respondo irritada. - O ensaio foi um inferno.

- Ele tá tentando roubar todas as notas boas de novo?

- Pior. - Sinto muita raiva para repassar o que aconteceu, por isso não me dou ao trabalho. - Minha vontade é de apunhalar o cara pelas costas, A. Não, melhor fazer isso pela frente, para que ele olhe bem nos meus olhos e veja a minha alegria.

Sua risada é um alento aos meus ouvidos. - Caramba, ele realmente pisou no seu calo, hein? Quer desabafar durante o jantar?

- Não posso, vou encontrar Sam hoje à noite. - Outro compromisso que preferia deixar passar. Minha vontade agora é tomar um banho e ver TV, mas, conhecendo a peça, Sam vai vir atrás de mim e fazer uma cena se eu ousar dar um bolo nela.

- Ainda não tô acreditando que você concordou com essa história de aulas particulares, - admite Yuki. - Ela deve ser muito insistente.

- É mais ou menos isso, - comento, vagamente.

Não contei a Yuki sobre o acordo com Sam, principalmente porque quero adiar a provocação inevitável de quando ela se der conta do meu nível de desespero para fazer Nop prestar atenção em mim. Sei que não vou ser capaz de esconder a verdade para sempre, sem dúvidas, Yuki vai me encher de perguntas quando descobrir que vou a uma festa com a Sam. Mas tenho certeza de que posso inventar uma boa desculpa até lá.

Algumas coisas são vergonhosas demais para admitir, mesmo para a melhor amiga.

- Quanto ela está pagando? - pergunta, curiosa.

Feito uma idiota, respondo com o primeiro número que me vem à cabeça - Hmm, sessenta.

- Sessenta dólares por hora? Gente do céu. Que loucura. Vou querer um jantar chique quando isso acabar!

Um jantar chique? Droga. Lá se vão uns três turnos na lanchonete.

Viu só, esse é o motivo por que sempre se deve falar a verdade. Mentiras invariavelmente voltam para pegar no seu pé.

- Claro, - respondo descontraída. - Enfim, tenho que desligar. Taylor está com o carro esta noite, então vou precisar chamar um táxi. Vejo você em duas horas.

O táxi da universidade me leva até a casa de Sam, e marco de ser buscada em uma hora e meia. Sam me disse para entrar direto na casa, porque ninguém escuta a campainha com o barulho da TV ou do som. Mas, quando abro a porta, está tudo em silêncio.

- Sam?

- Aqui em cima - ouço o som abafado de sua voz.

Encontro-a em seu quarto, com uma calça de moletom e uma regata branca colada que marca o abdômen. Não dá para negar, Sam tem um corpo... atraente. A camiseta sem mangas também me oferece uma visão e tanto da tatuagem no braço direito.

- E aí, cadê as suas amigas?

- É sexta à noite... o que você acha? Na balada. - Parece triste ao pegar os livros da mochila jogada no chão.

- E você preferiu estudar, - observo. - Não sei dizer se devo me impressionar ou ter pena de você.

- Não faço baladas durante a temporada, Mon. Já falei.

É verdade, falou mesmo, mas eu não tinha acreditado. Como assim ela não sai todas as noites? Quero dizer, olha só para a criatura. A garota é mais maravilhosa e mais popular que o Bieber. Bom, isso até ele perder a linha e abandonar um pobre macaco no exterior.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora