capítulo 34

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Mon

A vida vai bem.

A vida vai maravilhosa, surpreendente e assustadoramente bem.

Estas duas últimas semanas de namoro com Sam têm sido um borrão de risos, carinhos e sexo apaixonado, misturado com eventos da vida real, como aulas, estudo, ensaios e jogos de hóquei. Sam e eu construímos uma conexão que me pegou de surpresa, mas, ainda que Yuki continue me provocando por causa da súbita reviravolta da minha parte no que diz respeito a garota, não me arrependo da decisão de oficializar as coisas com ela e ver onde elas vão dar. Até agora, tudo tem funcionado muito bem.

Mas, sabe, o problema da vida é o seguinte: quando ela vai bem assim, inevitavelmente, algo dá errado.

– Sei que é um inconveniente – Acrescenta Fiona, minha orientadora de artes cênicas. – Mas infelizmente não há nada que eu possa fazer a não ser aconselhar você a falar direto com Mary Jane e...

– De jeito nenhum – Interrompo, os dedos apertando com força os braçosda cadeira. Encaro a loura bonita do outro lado da mesa e me pergunto como pode descrever esta bomba atômica como um inconveniente.

E ainda quer que eu fale com Mary Jane?

Nem. Pensar.

Por que diabos eu iria falar com aquela filha da mãe que se deixou passar por uma lavagem cerebral e que acabou de destruir qualquer chance que eu tinha de ganhar uma bolsa de estudos?

Ainda estou me recuperando do que Fiona me comunicou. Mary Jane e Austin me abandonaram. Eles têm de fato permissão para me expulsardo dueto para que Austin possa cantá-lo como um solo.

Que merda.

No entanto, lá no fundo, não estou surpresa. Sam tinha me alertado de que algo assim poderia acontecer. Eu mesma me preocupei com apossibilidade. Mas nunca em um milhão de anos imaginei que Austin fosse fazer isso quatro semanas antes do festival.

Ou que minha orientadora estaria tão tranquila a respeito. Cerro os dentes. – Não vou falar com Mary Jane. É óbvio que ela já se decidiu sobre isso.

Ou melhor, que Austin decidiu por ela, quando a convenceu a conversar com nossos respectivos orientadores e choramingar que sua música não estava funcionando como um dueto e que iria retirá-la do festival se não fosse apresentada como um solo. Austin, é claro, foi rápido em apontar que seria um absurdo desperdiçar uma música tão boa, e que ele se oferecia gentilmente para me deixar cantá-la. Foi quando Mary Jane insistiu que ela deveria ser cantada por uma voz masculina.

Vá se foder, M.J.

– Então, o que devo fazer agora? – Pergunto, com a voz firme. – Não tenho tempo para aprender uma música nova e trabalhar com outro compositor.

– Não, não tem – Concorda Fiona.

Em geral, aprecio sua abordagem direta, mas hoje tive vontade de lhedar um tapa.

– É por isso que, dadas as circunstâncias, o orientador de Austin e eu concordamos em afrouxar as regras no seu caso. Você não precisa trabalhar com um aluno de composição. Nós concordamos e o chefe do departamento assinou embaixo que você pode cantar uma de suas próprias músicas. Sei que você tem um monte de originais em seu repertório, Mon. E, na verdade, acho que é uma grande oportunidade para você mostrar não só a sua voz, mas suas habilidades de composição. – Ela faz uma pausa. – No entanto, você só vai disputar uma bolsa de estudos por performance, já que não é aluna de composição.

Minha mente continua a girar como um carrossel. Sim, tenho algumas músicas originais que posso cantar, mas nenhuma delas está nem perto de estar pronta para uma apresentação.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora