penúltimo capítulo

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Mon

Março

– Por que a sua antiga paixonite está na minha sala? – Sam sussurra a acusação em meu ouvido ao se aproximar de mim.

Meu olhar se desloca para Nop, que está com Nam, no sofá, jogando um video game de tiro que parece muito complicado. Então volto-me para Sam, que parece mais divertida do que chateada. – Porque ele é meu amigo, e eu o convidei. Lide com isso.

– Você não acha que foi meio canalha da sua parte chamá-lo aqui? Quer dizer, o time de futebol mandou mal a temporada inteira, e agora ele é obrigado a comemorar com a galera do hóquei que a gente foi para a semifinal? E é obrigado a conviver com a espécime perfeita de beleza que roubou você dele? – Os olhos castanhos de Sam brilham. – Você é uma pessoa terrível.

– Ah, não enche. Ele está feliz que vocês vão para o Frozen Four. – Levo os lábios até o seu ouvido. – E não conte a ninguém que falei isso, ou vou matar você, mas ele tem saído com Ariana este mês.

– Sério? – Sam fica boquiaberta ao se virar para o outro lado da sala, onde Ariana, Harry e Yuki estão no meio de uma conversa animada com Tee e Kehlani.

É meio estranho ver meus amigos interagindo com os de Sam, mas já saímos todos juntos tantas vezes nos últimos três meses que estou começando a me acostumar.

De seu lugar ao lado de Harry, Tee percebe que estou olhando para eles, levanta a cabeça e... bom, isso é algo a que não me acostumei. O olhar que me lança é de um anseio inconfundível, e não é a primeira vez que olha assim para mim. Quando falei sobre isso com Sam – só uma vez, a conversa mais desconfortável do mundo, ela simplesmente suspirou e disse: Ela vai superar isso. – Não houve raiva alguma de sua parte, nem ressentimento, só essa mísera frase, que não teve muito sucesso em atenuar minhas preocupações.

Não gosto da ideia de que a melhor amiga de Sam possa sentir alguma coisa por mim, mas Tee nunca tentou nada, muito menos falou comigo sobre isso, o que é um alívio, acho. Mas realmente torço para que supere o que quer que esteja sentindo, porque, por mais que goste da garota, estou total e inequivocamente apaixonada pela melhor amiga dela, e isso nunca vai mudar.

O semestre tem sido agitado para nós duas. Estou ensaiando de novo, agora para o festival de primavera, e, dessa vez, vai ser um dueto até o fim com Harry, e nós dois estamos adorando trabalhar juntos. Sam e o time estão detonando na segunda fase do campeonato. A final é na semana que vem, e o local é simplesmente o Wells Fargo Center, casa do Philadelphia Flyers, o que significa que, sim, vou assistir ao jogo ao vivo e ficar na casa da tia Nicole durante os três dias em que o time estiver na Filadélfia.

Não tenho dúvida de que elas vão destruir o adversário. Sam e as meninas trabalharam duro na temporada, e, se não ganharem a final, não me chamo Mon. E vou dar a minha mulher muito, mas muito sexo de consolação. Que tarefa difícil.

– Olha só quem tá aqui, –  exclama Sam, de repente. Viro para a porta e vejo Demi e Selena se aproximando de onde Sam e eu estamos.

Estão com o rosto vermelho e têm um ar de segredo, o que não deixa a menor dúvida a respeito do motivo de estarem atrasadas para a festa. Abraço Sel e sorrio para Demi, que responde à provocação de Sam com um olhar defensivo.

– Ei, já falei que sou contra esta festa. Dá azar comemorar antes de ganhar.

– Que isso, amiga! Já ganhamos. – Sam sorri e se abaixa para me beijar na bochecha. – Além do mais, já faturei o prêmio mais importante de todos.

Tenho certeza de que minhas bochechas viraram dois tomates.

Selena solta um gemido bem-humorado, mas Demi, para minha surpresa, apenas assente, em aprovação.

– Tá vendo, – conclui Sam, passando um braço em volta do meu ombro, – Posso dizer esse tipo de coisa para Demi, porque sei que não vai zombar de mim.

– Pois devia, – resmungo, – Porque essa foi cafona até dizer chega.

– Ah, nem vem, – devolve ela. – Você gosta quando sou romântica.

É. Gosto mesmo.

Demi e Selena se afastam para cumprimentar os outros, mas Sam e eu ficamos no nosso cantinho. Ela me puxa para junto de si e me beija, e, embora eu não goste muito de demonstrações públicas de afeto, é impossível pensar em etiqueta social quando Samanun está me beijando.

Seus lábios são cálidos e firmes, sua língua é quente e úmida ao penetrar minha boca para uma prova fugaz do meu gosto. Abro os lábios ansiosos, querendo mais, ela, no entanto, ri e pega uma mecha do meu cabelo.

– Modos, Mon. Estamos em público.

– Rá. Como se eu não estivesse vendo a sua barraca armada.

Ela baixa os olhos para a virilha e suspira ao notar a protuberância sob a calça jeans. – Pelo amor de Deus, Mon, você me deixa dura sem que eu perceba. – Ela franze a testa. – Droga, agora vou ter que sair da minha própria festa para a gente poder ir lá em cima resolver isso. – Solto uma risada.

– Pode ir sonhando. De jeito nenhum vou fazer a caminhada da vergonha na frente de todos os nossos amigos.

Ela fica lívida. – Você tem vergonha de mim?

– Não me venha com suas trapaças infantis. – Enfio o indicador no seu peito. – Elas não funcionam comigo.

– Infantis? – repete ela. Um sorriso malicioso curva seus lábios, e Sam gira o corpo para ficar de costas para a sala. Então pega a minha mão e a coloca diretamente sobre seu pênis duro. – Isso parece infantil para você?

Um arrepio corre minha espinha. Ah, não. Agora eu estou excitada.

Com o coração disparado e o corpo formigando, deixo escapar um gemido irritado e agarro sua mão. – Certo. Vamos lá pra cima.

– Não. Mudei de ideia. Vamos ficar aqui e aproveitar a festa.

Solto sua mão como se fosse uma batata quente e faço uma cara feia. – Você é tão irritante.

Sam ri. – É, mas você me ama mesmo assim.

Minúsculas borboletas de felicidade revoam em meu estômago e ao redor do meu coração. Seguro sua mão de novo e entrelaço nossos dedos. – É, – murmuro com um sorriso. – Amo mesmo assim.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora