capítulo 42

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Mon

Sabia que seria um zumbi pelo restante do semestre, mas não esperava que fosse por causa do vazio em meu peito onde antes ficava o coração.

Faz uma semana que não vejo ou falo com Sam. Uma semana não é muito tempo. Reparei que, à medida que vou envelhecendo, o tempo parece voar em alta velocidade. Você pisca, e passou uma semana. Pisca de novo, passou um ano.

Mas desde que terminei com Sam, o tempo voltou a ser como quando eu era criança. Naquela época, um ano escolar parecia uma eternidade, e o verão não chegava nunca ao fim. O tempo ficou devagar, e a sensação é insuportável. Estes últimos sete dias poderiam muito bem ter sido sete anos. Sete décadas.

Sinto falta da minha namorada.

E odeio o pai dela por me colocar nesta situação horrível. Odeio-o por me fazer partir o coração de Sam.

Você quer explorar, só pela possibilidade de encontrar alguém melhor do que eu.

O resumo sombrio de Sam do meu discurso mentiroso de separação. Continua a zumbir em meu cérebro como um enxame de gafanhotos.

Alguém melhor do que ela?

Deus do céu, foi a morte dizer aquilo. Machucá-la daquele jeito. O gosto amargo dessas palavras ainda queima minha língua. Alguém melhor do que ela?

Não tem ninguém melhor do que ela. Sam é a melhor pessoa que já conheci. E não só porque é inteligente, sensual, engraçada e muito mais gentil do que poderia imaginar. Ela me faz sentir viva. Certo, nós discutimos, e sem dúvida sua arrogância me deixa maluca às vezes, mas quando estou com ela, sinto-me completa. Sei que posso baixar a guarda totalmente e não me preocupar que me machuquem ou se aproveitem de mim, nem ficar com medo, porque Sam sempre vai estar lá para me amar e me proteger.

A única fagulha de esperança para esta terrível confusão é que o time está ganhando de novo. Elas perderam a partida que Sam não jogou por causa da suspensão, mas já tiveram outras duas depois disso, inclusive uma contra o Eastwood, o rival delas na chave, e ganharam as duas. Se continuarem como estão, Sam vai conseguir o que quer – ganhar o campeonato para a Briar em seu primeiro ano como capitã.

– Ai, Deus. Por favor, não me diga que é isso que vai usar esta noite. – Yuki marcha para dentro do meu quarto e franze a testa diante de minha roupa. – Não. Proíbo.

Olho para as calças xadrez surradas e o moletom de gola cortada. – Quê? Não. – Aponto para a roupa dentro da capa protetora pendurada no gancho atrás da porta. – Vou usar aquilo.

– Uuuhhh. Deixe-me ver.

Yuki abre o zíper da capa e continua com seus uuuhs e aaahs para o tomara que caia prateado lá dentro. Sua reação animada é uma prova de como andei fora de mim esta semana. Estava praticamente em transe quando dirigi até Hastings para comprar este vestido para o festival e, embora ele tenha ficado pendurado atrás da minha porta por quatro dias, não me preocupei em mostrar para Yuki.

Não quero mostrá-lo. Merda, não quero nem usar esse vestido. O festival de inverno é daqui a duas horas, e não estou nem aí. O semestre inteiro foi uma preparação para esta apresentação idiota.

E. Não. Estou. Nem. Aí.

Quando Yuki percebe meu desinteresse, sua expressão se suaviza. – Ah, Mon, por que você não chama a garota logo?

– Porque nós terminamos, – murmuro.

Lentamente, ela faz que sim com a cabeça. – E por que mesmo vocês terminaram?

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora