capítulo 16

977 171 15
                                    

Sam

Tomo o cuidado de estar em casa e sozinha, quando Mon aparece na quinta à noite. Estou mais alegre do que envergonhada por ela ter me flagrado com Tiff ontem, e, bom, pelo menos não foi na hora dos finalmente. O rosto de Mon teria ficado cem vezes mais vermelho se tivesse ouvido os gritos de Tiffany.

Para falar a verdade, uma parte de mim se pergunta se Tiff estava fingindo aqueles gemidos de atriz pornô. Não tenho a pretensão de ser uma fodona na cama, mas sou muito atenciosa e nunca recebi reclamações. Na noite passada, no entanto, foi a primeira vez que senti como se a menina estivesse atuando. Tinha algo de incrivelmente... insatisfatório na coisa toda. Não sei se estava fingindo ou só exagerando, mas, de qualquer forma, não estou muito ansiosa para repetir a cena.

Mon bate à minha porta. Não uma, mas pelo menos dez vezes. E mais duas, mesmo depois de a mandar entrar.

A porta se abre, e Mon tropeça para dentro, cobrindo bem os olhos com as palmas das mãos. - Posso olhar? - Pergunta, em voz alta.

Com os olhos ainda fechados, estica os braços para a frente, como uma cega tateando o caminho em meio à escuridão.

- Você é uma piadista, hein? - Digo, com um suspiro.

Suas pálpebras se abrem, e ela me lança um olhar ríspido. - Só quero ser cuidadosa - Responde, em tom arrogante. - Deus me livre de invadir mais uma das suas festinhas.

- Não se preocupe, ainda não tinhamos chegado na parte do sexo. Se quer saber, ainda estávamos nas preliminares. Segunda e terceira base, para ser mais exata.

- Eca. Informação demais.

- Você que perguntou.

- Perguntei nada. - Ela senta de pernas cruzadas sobre a cama e puxa o fichário da bolsa. - Certo, chega de jogar conversa fora. Vamos reler sua redação corrigida e esboçar mais algumas, para praticar.

Entrego o texto corrigido, então me reclino contra os travesseiros, enquanto Mon lê. Ao terminar, olha para mim, e posso dizer que está impressionada.

- Muito bom - Admite.

E não é que experimento uma explosão de orgulho? Trabalhei pesado nessa redação sobre o nazismo, e o elogio de Mon não só me agrada, como confirma que estou melhorando nesse negócio de me colocar no lugar de outra pessoa.

- Na verdade, está muito bom mesmo - Acrescenta, relendo a conclusão.

Solto um arquejo fingido. - Nossa. Isso foi um elogio?

- Não. Retiro o que disse. Está uma merda.

- Tarde demais. - Abano o dedo para ela. - Você me acha inteligente.

Ela solta um suspiro pesado. - Você é inteligente quando se aplica. - E faz uma pausa. - Tá legal, acho que isso deve ser uma coisa meio horrível de dizer, mas sempre achei que a faculdade fosse mais fácil para atletas. Academicamente, quero dizer. Você sabe, eles distribuem dez porque vocês são muito importantes.

- Quem me dera. Alguns professores da Eastwood nem leem os trabalhos de alguns atletas que eu conheço, só dão dez e entregam de volta. Mas os da Briar nos fazem dar duro. Bando de idiotas.

- Como você está se saindo nas outras matérias?

- Dez em tudo, e um seis safado em história da Espanha, mas isso vai mudar quando entregar o trabalho final. - Sorrio. - Acha que não sou a atleta burrona que você achou que eu fosse, hein?

- Nunca achei que fosse burrona. - Ela me mostra a língua. - Achei que fosse uma idiota.

- Achou? - Ataco seu uso do pretérito. - Isso significa que admite que errou em seu julgamento?

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora