Final

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Sam

Meu pai espera do lado de fora da arena quando o time sai pelas portas traseiras. Halsey deu um jeito de arrumar um radinho daqueles antigos, portáteis, e o traz apoiado no ombro, enquanto We Are the Champions, do Queen, explode nos alto-falantes. Não há ninguém por perto para ouvir a música da vitória além de nós e os parentes e amigos que vieram até a Filadélfia nos ver jogar. Ao passarmos desfilando como as campeãs que somos, aplausos irrompem, e várias das minhas colegas se curvam em reverências exageradas antes de dizer oi às pessoas que vieram nos ver.

Eu consegui. Quer dizer, foi um trabalho de equipe não, um massacre em equipe, porque, pela primeira vez em anos, a final do Frozen Four teve um placar de zero. Kehlani fechou o gol. As adversárias não marcaram nem uma única vez. E parece apropriado que os três gols do nosso lado tenham vindo de mim, Nam e Demi, respectivamente.

Estou orgulhosa do time. Estou orgulhosa de mim por ter nos trazido até aqui. É o final perfeito para a temporada perfeita, e fica ainda mais perfeito quando Mon corre e se atira em meus braços.

– Ai, meu Deus! Foi o melhor jogo da história! – ela declara, antes de me beijar com tanta força que machuca meus lábios.

Sorrio diante do seu entusiasmo. – Gostou do tirinho que fiz com os dedos na sua direção depois do primeiro gol? Foi para você, gata.

Ela sorri de volta. – Desculpa destruir seu sonho, mas, na verdade, você estava apontando para um velho algumas cadeiras atrás de mim. Ele ficou louco e começou a gritar para todo mundo que você tinha marcado aquele gol para ele. Depois o ouvi perguntar à mulher se você sabia que ele tinha acabado de receber o diagnóstico de diabetes, então não tive coragem de explicar para quem o gol era na verdade.

Caio na gargalhada. – Por que com a gente nada é simples?

– Ah, – protesta ela. – Somos mais interessantes assim.

Não posso negar que ela tem razão.

De canto de olho, vejo meu pai à espreita perto do ônibus, mas não faço contato visual com ele. Na verdade, noto que ninguém está olhando para ele. Nem eu, nem Mon, nem nenhuma das minhas colegas de time. Há alguns meses, contei a elas a verdade sobre meu pai, porque a conversa que tive com Mon sobre a vida não ser justa e meu pai ainda ser reverenciado ficou na minha cabeça. Assim, depois do Réveillon, quando uma das nossas jogadoras de defesa do segundo ano me perguntou se eu poderia lhe dar um autógrafo dele, não consegui mais me conter. Reuni todo mundo, até o treinador, e Não preciso nem dizer que foi desconfortável e intenso pra cacete, mas, depois que acabou, minhas amigas me provaram que não sou só a capitā delas, mas uma irmã. E, agora, a caminho do ônibus, nem um único par de olhos se volta na direção do meu pai celebridade.

– Vejo você no campus? – pergunto a Mon.

Ela faz que sim. – É. Tio Mark vai me levar de volta agora, então devo chegar lá mais ou menos junto com vocês.

– Me ligue assim que chegar em casa. Te amo, linda.

– Também te amo.

Dou um último beijo em seus lábios; em seguida, subo no ônibus e me acomodo em meu lugar de sempre ao lado de Tee. Quando a porta se fecha e o motorista se afasta, não fito pela janela o homem alto e mal-humorado que ainda está de pé no estacionamento.

Ultimamente não olho mais para trás.

Só para a frente.

FIM.

A dona desse perfil agora é contra finais bonitinhos e frufrus demais. Apenas o básico agora (é piada). Espero que tenham gostado. Obrigada, pessoal! Até mais. ♥️

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora