Sam
Quando a porta da frente se abre, estou bastante apreensiva, porque meio que espero que Mon apareça em alguma fantasia ridícula numa tentativa de me contagiar com o espírito do Halloween e me convencer a ir à festa do alojamento.
Por sorte, é a Mon de sempre que passa a cabeça pela porta da sala de estar e olha para mim. E isso significa que está linda de morrer, e meu pau logo se manifesta. O cabelo está preso num rabo de cavalo baixo, com a franja penteada para um dos lados, e está usando um suéter vermelho folgado e calça de ginástica preta. E as meias, claro, são rosa-choque.
- Oi. - Ela senta ao meu lado no sofá.
- Oi. -Passo o braço à sua volta e dou um beijo em sua bochecha, o que parece a coisa mais natural do mundo a se fazer.
Não tenho a menor ideia se sou a única que se sente assim, mas Mon não se afasta, nem zomba de mim pelo comportamento típico de namorada. Entendo isso como um sinal promissor.
- E aí? Por que desistiu da festa?
- Não tava no clima. Fiquei imaginando você aqui chorando sozinha e a pena foi maior.
- Não tô chorando, besta. - Aponto para o documentário maçante sobre leite que está passando na TV. - Mas tô aprendendo sobre pasteurização.
Ela me encara, embasbacada. - Vocês pagam uma grana para assinar um milhão de canais e é isso que você escolheu ver?
- Na verdade, eu tava mudando de canais e passei por esse, vi um monte de teta de vaca e, sabe como é, fiquei excitada e...
- AFFF!
Caio na gargalhada. - Tô brincando, gata. Na real, as pilhas do controle acabaram e sou preguiçosa demais para levantar e mudar de canal. Tava assistindo a uma minissérie fantástica sobre a Guerra Civil antes de as tetas aparecerem.
- Você realmente curte história, né?
- É interessante.
- Algumas partes. Outras, não muito. - Ela deita a cabeça no meu ombro, e eu brinco, distraída, com uma mecha de cabelo que se soltou do seu penteado. - Fiquei triste por causa da minha mãe, hoje de manhã, - confessa.
- É? Por quê?
- Ela ligou para dizer que talvez eles também não possam sair de Ransom para o Natal.
- Ransom? - Pergunto, sem entender.
- A minha cidade. Ransom, em Indiana. - Uma pitada de rancor transparece em sua voz. - Também conhecida como 'amostra grátis do inferno'.
Meu estado de espírito logo se torna mais sombrio. - Por causa do...?
- Do estupro? - Pergunta, com ironia. - Você pode falar a palavra, sabe? Não é contagiosa.
- Eu sei. - Engulo em seco. - É só que não gosto de dizer porque torna tudo mais... real, acho. E não consigo suportar a ideia de que tenha acontecido com você.
- Mas aconteceu - Diz ela, baixinho. - Não dá para fingir que não.
Ficamos em silêncio por um instante.
- Por que seus pais não podem visitar você? - Pergunto.
- Dinheiro. - Ela suspira. - Se você tiver se interessado por mim achando que eu fosse herdeira de alguma coisa, é melhor saber logo que estou na Briar com bolsa integral e que recebo auxílio financeiro para meus gastos. Minha família tá falida.
- Pode ir embora. - Aponto a porta. - É sério. Pode ir embora.
Mon me mostra a língua. - Engraçadinha.
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𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨
FanfictionSe ajudar uma garota linda e sarcástica a fazer ciúmes em um cara puder garantir sua vaga no time, ela topa. Mas o que era apenas uma troca de favores entre dois opostos acaba se tornando uma amizade inesperada. Até que um beijo faz com que Sam e Mo...