capítulo 8

1K 171 47
                                    

Mon

Em geral, orgulho-me de ter a cabeça no lugar e de tomar decisões sensatas, mas concordar em dar aulas para Sam? Mais idiota impossível.

Na noite seguinte, no caminho até a casa dela, ainda me crucifico por isso. Quando me encurralou na festa da Sigma, tinha total intenção de lhe dar um fora para ela parar de encher o meu saco, mas aí ela ficou exibindo Nop bem diante do meu nariz como se fosse uma cenoura, e caí feito um patinho.

Perfeito. Agora estou misturando as metáforas.

Acho que está na hora de admitir a triste verdade: meu bom senso é zero quando se trata de Nop. Na noite passada, saí da festa com o propósito único de esquecê-lo, e, em vez disso, deixei Sam me alimentar da emoção mais destrutiva para a humanidade a esperança.

Esperança de que Nop possa prestar atenção em mim. Esperança de que possa me querer. Esperança de que talvez tenha finalmente encontrado alguém capaz de me fazer sentir alguma coisa.

É vergonhoso como estou caidinha pelo cara.

Paro o carro na entrada da casa, atrás do Jeep de Sam, ao lado de uma picape preta reluzente, mas deixo o motor ligado. Fico me perguntando o que minha antiga psicóloga acharia se soubesse do acordo que acabei de fechar com a capitã do time de hóquei. Acho que seria contra, mas Carole vive batendo na tecla do empoderamento. Sempre me encorajou a tomar as rédeas da minha vida e agarrar qualquer oportunidade que me permitisse deixar a agressão no passado.

E de uma coisa sei: saí com dois caras desde o estupro. Dormi com os dois. E nenhum deles me fez sentir tão excitada quanto Nop conseguiu com um único olhar.

Carole me diria que vale a pena explorar a oportunidade.

Sam mora numa casa geminada de dois andares, revestimento de estuque, uma varanda na entrada e um gramado supreendentemente bem cuidado. Apesar da relutância, forço-me a sair do carro e caminhar até a porta. As paredes reverberam um rock alto. Uma parte de mim torce para que ninguém escute a campainha, mas ouço o som abafado de passos atrás da porta, ela se abre, e me vejo diante de uma garota alta, com cabelos escuros e um rosto esculpido que parece saído de uma capa da Vogue.

- Ah, oi, - ela cumprimenta com a voz arrastada, me olhando de cima a baixo. - Meu aniversário é só semana que vem. Mas, se isso for um presente adiantado, quem sou eu para reclamar, gata.

Claro. Eu deveria ter imaginado que as companheiras de república de Sam são tão detestáveis quanto ela.

Aperto os dedos ao redor do elástico da minha pasta enorme, me perguntando se sou capaz de voltar para o carro antes que Sam saiba que estou aqui, mas meu plano maligno vai por água abaixo quando ela aparece na porta. Está descalça, usando uma calça jeans desbotada e uma camiseta cinza surrada, e o cabelo está molhado como se tivesse acabado de sair do banho.

- Oi, Mon, - cumprimenta, descontraída. - Está atrasada.

- Eu disse oito e quinze. São oito e quinze. - Encaro friamente a sra. VOGUE. - E se você estava sugerindo que pareço com uma prostituta, considere-me ofendida.

- Você achou que ela fosse uma prostituta? - Sam arregala os olhos para a amiga. - É a minha professora, mana. Mais respeito.

- Não achei que fosse uma prostituta... Achei que fosse uma stripper, - retruca a morena, como se isso melhorasse as coisas. - Tá até fantasiada, caramba.

Ela não deixa de estar certa. Meu uniforme de garçonete não é exatamente muito discreto.

- Aliás, quero uma stripper de presente de aniversário, - anuncia a VOGUE. - Acabei de decidir. Se vira.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora