capítulo 44

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Mon

No meu segundo dia de volta ao campus, embarco em minha própria missão: Operação Só Acredito Vendo. Porque está na cara que o único jeito de convencer Sam a recuar é provar a ela que estou seguindo em frente. O que significa que preciso encontrar alguém para sair comigo. Para ontem.

A primeira oportunidade surge quando passo no Café Hut para pegar um chocolate quente. Está nevando horrores lá fora, e bato a neve das botas no capacho perto da porta antes de entrar na fila. É então que percebo que o cara na minha frente parece conhecido. Quando faz seu pedido e vai até o balcão para recebê-lo, vejo seu perfil de relance e me dou conta de que se trata de Zayn. Zayn... o quê? Malvin? Não, Malik. Zayn Malik, de literatura inglesa e da festa da Sigma. Perfeito. Temos passado. É praticamente um relacionamento.

– Oi, Zayn, – cumprimento depois de pedir minha bebida e me juntar a ele no balcão.

Zayn se enrijece visivelmente ao som da minha voz. – Ah. Oi. – Seus olhos disparam pelo ambiente, como se não quisesse que ninguém nos visse conversando.

– Escute, – começo. – Estava pensando, nunca mais nos falamos desde aquela festa em outubro...

A barista coloca um copo de isopor na frente de Zayn, que o pega tão rápido que nem sequer vejo sua mão.

Continuo depressa. – Achei que seria bom colocar a conversa em dia e...

Zayn já está se afastando de mim. Meu Deus, por que parece tão aterrorizado? Será que pensa que vou esfaqueá-lo ou algo assim?

– ... Talvez você queira tomar um café um dia desses, – termino.

– Ah. – Afasta-se ainda mais. – Hmm. Obrigado pelo convite, mas... hmm, é, não bebo café.

Fico olhando para o copo em sua mão.

Ele segue meus olhos e engole em seco. – Desculpa, tenho que ir. Vou encontrar alguém... do outro lado do campus e... hmm... bem longe, então estou com um pouco de pressa.

Bom, pelo menos não está mentindo sobre estar com pressa, porque voa porta afora como um velocista olímpico.

Certo, isso foi... estranho.

Franzindo a testa, pego meu chocolate quente e vou na direção da Bristol House. É um processo lento, porque a neve está caindo mais rápido do que a equipe de limpeza do campus é capaz de escavar, e minhas botas afundam meio metro a cada passo. Mas o ritmo forçado me permite encontrar outro elemento de estranheza. Quando estava saindo com Sam, as pessoas me cumprimentavam o tempo todo. Hoje, todo mundo por quem passo parece me evitar, principalmente os homens.

É assim que os amish desonrados se sentem quando são banidos? Porque ninguém está olhando para mim, e não gosto disso.

Também não entendo o que está acontecendo.

No caminho até o alojamento, decido ligar para Harry e ver se ele quer sair hoje à noite. Talvez ir ao Malone’s não, Sam poderia estar lá. Outro bar na cidade, então. Ou o salão de festas da faculdade. Qualquer lugar em que eu poderia conhecer alguém.

Perto da Bristol House, o garoto oportunidade número dois sai do prédio ao lado. É Nop, e, ao contrário do restante do mundo, ergue a mão para um aceno.

Aceno de volta, em grande parte pelo alívio de que alguém pareça feliz em me ver.

– Oi, estranha, – cumprimenta ele, vindo na minha direção.

Está com o cabelo de quem acabou de sair da cama, e, no entanto, não acho mais isso tão bonitinho. Só o faz parecer um desleixado. Ou talvez um farsante, porque tenho certeza de que posso ver gel nos fios, o que significa que perdeu tempo criando o estilo "não estou nem aí". E isso faz dele um mentiroso.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora