capítulo 40

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Mon

Na manhã seguinte, deixo Sam dormindo em minha cama e me arrumo para o trabalho. Embora ainda esteja abalada com o que aconteceu ontem à noite, fui totalmente sincera com ela. Não a culpo por perder a cabeça. Na verdade, uma parte rancorosa de mim está feliz que Wesley tenha levado um soco na cara. Ele merece depois do que fez comigo. Mentir sob juramento, dar um testemunho que permitiu que o caso contra Bradley fosse encerrado... que tipo de pessoa faz algo tão cruel?

Mas sei que Sam está chateada com o que fez e sei que vou ter que trabalhar duro para fazê-la ver que não é o monstro que pensa que é.

Mas também não posso faltar ao trabalho, então a Operação Recuperar a Confiança vai ter que esperar.

Quando estou vestida e pronta para sair, sento na beira da cama e toco seu rosto. – Tenho que ir trabalhar, – sussurro.

– Mmmlev mmcèee...?

Deduzo que está se oferecendo para me levar, e um sorriso curva os cantos da minha boca. – Tô com o carro de Taylor hoje. Dorme mais um pouquinho, se quiser. Volto lá pelas cinco.

– Tá. – Suas pálpebras tremem, e, um segundo depois, está dormindo de novo.

Preparo uma xícara de café instantâneo na cozinha e tomo em um gole, para fazer meu cérebro ainda enevoado pegar no tranco. Meu olhar se desloca para a porta escancarada do quarto de Yuki. A cama feita me preocupa, mas é apenas por um momento, pois quando olho meu celular, encontro uma mensagem dela de ontem, avisando que passaria a noite na república de Sean.

Meu turno na lanchonete é caótico desde o início. As pessoas chegam para o café da manhã em bandos, e leva umas boas duas horas até que o período de maior movimento finalmente se dissipe. Quando a lanchonete esvazia, nem sequer tenho tempo de respirar, pois Hailee me pede para reorganizar os mantimentos embaixo da bancada antes da correria do almoço. Passo a hora seguinte de joelhos, movendo pilhas de guardanapos e pacotes de açúcar de uma prateleira para outra e trocando as canecas de café por copos de vidro.

Quando me levanto, levo um susto ao encontrar um homem sentado na banqueta à minha frente.

É o pai de Sam.

– Sr. Anuntrakul, – ranjo de surpresa. – Oi.

– Oi, Mon. –  Sua voz é fria como o ar de inverno fora da lanchonete. – Precisamos conversar.

Precisamos?

Merda. Por que tenho um pressentimento de que sei exatamente sobre o que ele quer falar?

– Estou trabalhando, – respondo, de um jeito estranho.

– Posso esperar.

Merda vezes merda. São dez horas, e não saio daqui até as cinco. Será que ele vai mesmo sentar e esperar por sete horas? Porque de jeito nenhum vou conseguir completar meu turno com ele aqui me olhando o tempo todo.

– Vou ver se posso fazer uma pausa-, digo às pressas.

Ele assente. – Não vai demorar muito, garanto. Só preciso de alguns minutos do seu tempo.

Não sei se é uma promessa ou uma ameaça.

Engolindo em seco, passo no escritório para falar com Hailee, que me libera por cinco minutos, quando digo que o pai da minha namorada tem algo urgente para discutir comigo.

No momento em que o sr. Anuntrakul e eu saímos, descubro a resposta para a minha dúvida promessa versus ameaça porque sua linguagem corporal indica ameaça séria.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora