capítulo 18

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Mon

- Você perdeu uma aposta - Confirma Yuki, na dúvida.

- É. - Sento na beira da cama e me abaixo para fechar a bota esquerda, deliberadamente evitando o olhar da minha amiga.

- E agora vai sair com ela.

- Aham. - Esfrego o polegar na lateral da bota e finjo que estou limpando uma mancha no couro.

- Você vai sair com a Samanun.

- É isso mesmo.

- Isso tá me cheirando a furada.

Claro que sim. Um encontro com a Samanun? Eu poderia muito bem ter anunciado que ia me casar com a Shakira.

Por isso, não, não culpo Yuki por parecer tão surpresa. A desculpa da aposta foi a melhor que fui capaz de inventar e, na melhor das hipóteses, é péssima. Agora estou me perguntando se deveria confessar e falar do Nop.

Ou melhor, cancelar logo o encontro.

Não vejo Sam desde o grande erro, que é como estou me referindo ao beijo. Ela me mandou uma mensagem ontem depois da segunda chamada. Três míseras palavrinhas: Mamão com açúcar.

Não vou mentir, fiquei emocionada ao ouvir que tinha ido bem. Mas não o suficiente para iniciar uma conversa de verdade, então respondi com uma palavra apenas - Boa! -, e esse foi o único contato que tivemos até vinte minutos atrás, quando ela escreveu para dizer que estava vindo me buscar para a festa.

Para mim, o beijo não aconteceu. Nossos lábios não se encontraram, e meu corpo não ardeu. Não gemi quando minha língua preencheu a sua boca, e não murmurei quando seus lábios tocaram aquele ponto sensível do meu pescoço.

Não aconteceu.

Mas... bom, se não aconteceu, então não tenho por que fugir da festa agora, tenho? Porque não importa quão confusa e abalada o bei... o grande erro tenha me deixado, ainda estou ansiosa por uma chance de ver Nop fora da faculdade.

Mas não posso contar a verdade a Yuki. Em geral, sou tão confiante em outras áreas da minha vida. No canto, nos trabalhos da faculdade, com os amigos. Quando se trata de relacionamentos, porém, volto a ser aquela menina traumatizada de quinze anos de idade que precisou de três anos de terapia para se sentir normal de novo. Sei que Yuki não aprovaria se soubesse que estava usando Sam para chegar a Nop, e agora não estou com cabeça para sermões.

- Vai por mim, 'furada' é o nome do meio da Sam - Digo, secamente. - Ela trata a vida como um jogo.

- E você está jogando o jogo dela? - Ela balança a cabeça, incrédula. - Tem certeza de que não sente nada por essa garota?

- Por Sam? De jeito nenhum - Respondo, depressa.

Aham. Porque você seeeempre dá uns amassos com pessoas por quem não sente nada.

Afasto a provocação interna. Não, não dei um amasso em Sam. Estava simplesmente respondendo a um desafio.

A voz zombeteira surge em minha mente mais uma vez. E você não sentiu absolutamente nada, certo?

Argh, por que não dá para desligar o sarcasmo do cérebro? Mas sei que fazer isso não vai apagar a verdade. Senti alguma coisa quando nos beijamos. Aquele formigamento que Nop provoca em mim? Senti com Sam. Mas foi diferente. As borboletas não só flutuaram em minha barriga... fugiram e correram pelo meu corpo inteiro, fazendo com que cada centímetro de mim pulsasse de prazer.

Mas não significou nada. Em dez míseros dias, Sam deixou de ser uma estranha para se tornar uma amiga irritante, mas isso é o máximo que estou disposta a aceitar. Não quero sair com ela, não importa quão bem ela beije.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora