capítulo 23

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Mon

É a segunda vez em duas semanas que acordo nos braços de Sam. Só que desta vez... gosto de estar aqui.

A última noite acabou sendo uma sequência de experiências reveladoras. Bebi em público sem ter um ataque de pânico. Fui forçada a aceitar que o estupro me afetou muito mais do que me permiti admitir.

E decidi que Sam é a resposta para todos os meus problemas.

Minha tentativa de sedução pode ter falhado, mas não por falta de vontade da parte de Sam. Sei exatamente o que estava se passando na sua cabeça - Mon está bêbada e não está pensando direito.

Mas ela estava errada.

Meu cérebro estava funcionando direitinho na noite passada. Beijei Sam porque quis. Teria dormido com ela porque queria.

Agora, à luz do dia, continuo querendo. Ver Luís me deixou com medo e insegura, e passei a questionar o que aconteceria se eu me envolvesse com Nop. Questionar se estou apenas atraindo mais frustração e decepção para a minha vida.

Por mais louco que isso pareça, um teste com Sam pode ser tudo o que preciso para trabalhar meus problemas. Ela mesma disse que não namora, só faz sexo casual com as garotas. Não há risco nenhum de se apaixonar por mim ou exigir um relacionamento. E não dá para ignorar a química entre nós. Temos tanta que poderíamos ser um shipp amado por milhares de pessoas só por verem nossas trocas de olhares.

Seria o arranjo perfeito. Eu poderia transar com alguém sem me prender a toda a pressão de um relacionamento. Com Luis, meus problemas sexuais tornaram-se cem vezes piores por causa dessa pressão, porque a parte sexual estava enroscada com a amorosa.

Com Sam, pode ser só sexo. Uma tentativa de juntar os cacos da minha sexualidade sem me preocupar em decepcionar alguém que amo.

Mas, primeiro, preciso que ela concorde com isso.

- Sam - Sussurro.

Ela não se move.

Eu me aproximo e acaricio sua bochecha. Suas pálpebras vibram, mas ela não acorda.

- Sam - Chamo de novo.

- Mmmmfhrhghd?

Seu resmungo me faz sorrir. Eu me inclino e pressiono os lábios nos dela.

Seus olhos se abrem.

- Bom dia - Digo, inocentemente.

Ela pisca depressa. - Era sonho ou você acabou de me beijar? - Pergunta, grogue.

- Não era sonho.

A confusão embaça seus olhos, mas ela está ficando cada vez mais alerta.

- Por quê?

- Porque senti vontade. - Sento e tomo fôlego. - Você tá cem por cento acordada? Tenho uma coisa muito importante para pedir.

Um enorme bocejo se espalha em seu rosto, enquanto se ajeita numa posição vertical. O cobertor cai até a cintura, revelando seu abdômen, e minha boca fica seca na hora. Sam é lapidada feito um diamante. Uma grande gostosa.

- O que foi? - Pergunta, com uma voz grave de sono.

Não existe maneira de frasear isso sem soar patética e desesperada, então simplesmente deixo as palavras saírem e flutuarem no ar.

- Faz sexo comigo?

Depois da pausa mais longa da história, Sam franze a testa. - Agora?

Apesar do constrangimento apertando minha barriga, não posso conter o riso. - Hmm, não. Agora não. - Pode me chamar de fresca, mas me recuso a fazer sexo com qualquer pessoa quando ainda estou com hálito matinal e descabelada, e sem ter depilado todas as áreas pertinentes. - Mas talvez hoje à noite?

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora