capítulo 24

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Sam

Metade das meninas na sala de musculação está com uma ressaca tremenda. Mas eu, por incrível que pareça, não. Não, as revelações desta manhã espantaram consideravelmente qualquer dor de cabeça ou náusea que pudesse ter sentido.

Mon foi estuprada.

Essas três palavras estão flutuando na minha cabeça desde que a deixei em seu alojamento, e toda vez que aparecem, uma fúria em brasa explode dentro de mim feito um trem de carga. Queria que tivesse me dito o nome, o número do telefone, o endereço do filho da puta.

Mas é melhor que não tenha dito, caso contrário, provavelmente estaria no meu carro agora a caminho de cometer um assassinato.

Quem quer que tenha sido, peço a Deus que tenha pagado pelo que fez a Mon. Que esteja apodrecendo na prisão neste momento. Ou melhor, que tenha morrido.

- Mais dois. - Tee paira sobre mim, enquanto estou deitada no supino. - Vamos, mana, que moleza é essa?

Expiro e envolvo os dedos na barra. Canalizo toda a minha raiva em levantar os pesos sobre a cabeça, enquanto Tee me acompanha do alto. Depois que termino a última série, ela coloca a barra no lugar e me estende a mão. Deixo que me levante, e trocamos de posição.

Preciso botar a cabeça no lugar. Ainda bem que não estamos no gelo hoje, porque no momento não tenho certeza se ainda sei andar de patins.

Mon foi estuprada.

E agora quer transar comigo.

Não, quer que eu a conserte.

Puta merda. O que estava pensando quando concordei com isso? Quis essa menina nua desde o primeiro beijo, mas não assim. Não como um experimento sexual. Não com tanta pressão para... para quê? Fazer com que seja bom para ela? Não decepcioná-la?

- Não precisa ter pressa - zomba Tee.

Afasto os pensamentos angustiados e percebo que ela está me esperando colocar a barra em suas mãos.

Inspiro e tento me concentrar em garantir que Tee não morra sob minha guarda, em vez de ficar paranóica a respeito de Mon.

- Então, tô puta com você, - diz ela, flexionando os braços e trazendo a barra para junto do peito. Em seguida expira e eleva a barra novamente.

- O que fiz agora? - pergunto, com um suspiro.

- Você me disse que não tava interessada na Mon.

Meu peito fica tenso, mas finjo indiferença enquanto conto suas repetições.

- Não tava, pelo menos não quando falamos disso.

Tee solta um grunhido toda vez que estende os braços. Estamos as duas levantando uns dez quilos a menos que o habitual, porque com a bebedeira da noite passada ninguém aqui está funcionando cem por cento hoje.

- E agora você está interessada, então?

Engulo em seco. - Tô. Acho que sim.

Tee não diz mais nada. Meus dedos pairam sob a barra enquanto ela termina suas repetições.

Mantenho um dos olhos atento ao relógio acima da porta da sala de musculação. São quase cinco. Mon sai do trabalho às dez e vai direto para a minha casa.

E a gente vai transar.

A tensão em meu intestino aumenta, acumulando-se num nó gigante. Não tenho ideia se sou capaz disso. Tenho pavor de fazer algo errado. De machucá-la.

- Não me surpreende que você tenha percebido seu erro, - diz Tee enquanto trocamos de lugar de novo. - Ela é legal pra caralho. Percebi no momento em que a vi.

𝐎 𝐚𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora