Kai
– O que há, Kai? Desde que você saiu do hospital, não ficamos mais juntos. – Lílian se queixou, enroscada em mim. Estávamos esparramados no sofá maratonando uma série da Netflix.
– Você sabe que eu estou com os movimentos limitados. – Resmunguei, quase cochilando. Ao meu lado direito, ela tombava a cabeça em meu peito, e do lado esquerdo, Chokito se espalhava sobre a parte estendida do sofá. Um cobertor felpudo nos cobria, como se estivéssemos numa festa do pijama.
Eu havia trazido o Chokito pra minha casa dois dias depois que recebi alta. Lílian ficou comigo por dois dias, depois passou a me visitar dia sim, dia não. Em todas as ocasiões, dormimos na mesma cama, mas não nos tocamos intimamente. Eu já me movimentava bem melhor, não precisava mais da cadeira de rodas e só tinha que cuidar para não fazer movimentos bruscos.
Mesmo assim, eu usava minha lesão como desculpa para não fazer nada. Depois de tudo o que aconteceu, eu fui envolvido por um desânimo sem precedentes. Nunca na minha vida fiquei muito tempo sem ter o que fazer, e no momento eu estava afastado do trabalho por tempo indeterminado. Eu tinha que ficar quieto e isso era algo inédito para mim.
Os flashes do acidente povoavam meus sonhos, mas não era nada muito sério. Segundo o Dr. Garcia, o psicólogo que fui obrigado a consultar, esse tipo de coisa era algo bem normal. Ele não me laudou com nenhum tipo de transtorno, e até quando comentei sobre meus dilemas sentimentais, ele me esclareceu que era bem comum, quando participamos de eventos traumáticos, sermos forçados a avaliar nossa existência com uma nova ótica. Esse novo olhar resultava na transcendência dos nossos principais entraves e nos ajudava a superar as amarras que nos impediam de sermos felizes.
Ao menos foi o que o Dr. Garcia me disse.
– Existem várias formas de se divertir sem ter que se mexer tanto... – Lílian insinuou, arrastando a mão pelo meu peito até meu abdômen. Seus dedos pararam no elástico da minha calça de moletom e se infiltraram parcialmente até a borda da cueca, acariciando a região de maneira sugestiva.
Pois é. A Lílian queria transar. Tinha uns dois dias que ela vinha insistindo nisso, e eu vinha me esquivando como um covarde impotente. Não sabia até quando ia durar esse meu estado de coma peniano, mas já estava ficando bem chato.
Fechei os olhos e soltei o ar. Me concentrei. Tentei apagar a mente, foquei na carícia que recebia e voltei a pensar no momento.
Nada.
Nenhuma ereção.
– Vem cá... – Puxei-a para cima de mim e capturei seus lábios carnudos num beijo de língua. Levei uma das mãos ao seio parcialmente coberto por uma camisa cujos três primeiros botões estavam abertos. Senti a renda do sutiã e os bicos intumescidos, contudo, não foi suficiente para fazer meu corpo reagir. Lílian percebeu assim que me tocou por cima da roupa e me encontrou inerte e flácido.
Que merda!
Com um muxoxo, ela se desvencilhou da carícia e voltou a tombar a cabeça no meu peito. Eu acariciei seus cabelos e fiquei um tempo pensando na situação. Era bom ter Lílian ali nos meus braços, ela sempre foi uma grande amiga e uma amante excepcional, porém, estava claro que havia algo errado comigo.
Eu não tinha dúvidas de que a amava. Só não sabia mais que tipo de amor era esse. Eu estava confortável com ela ali, mas não queria nada além de assistir a TV (ou dormir em frente a ela) e ter sua companhia. Continuava considerando-a uma das mulheres mais lindas que conheci, ainda assim, sempre que eu pensava em sexo, era a imagem do Gustavo que vinha à minha mente.
"Ôw, filhote de Goku! Tá olhando o quê? Quer dar uma pegada no meu Pikachu? Temos que pegar... temos que pega-ar..."
Dei um sorriso com a lembrança. Gustavo era muito idiota, meu Deus! Quem chama o próprio pau de Pikachu? Eu me lembrava muito bem desse episódio. Estava vendo-o treinar basquete, e houve um momento em que ele se deslocou para uma enterrada de bola; o salto foi tão fenomenal que sua camiseta subiu até o peito. Lembrei de ter visto a cena como se estivesse em slowmotion, quando seu abdômen desnudo revelou a suave penugem que descia do umbigo até o cós dos shorts, e minha boca secou com a imagem dos gomos definidos do seu corpo magro e úmido de suor.
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Indestrutível (Romance Gay)
Romance🌈 Romance Gay 🥇👬🏼 PRIMEIRO LUGAR NA CATEGORIA "MELHOR CASAL" - 3ª Ed.CONCURSO CÓSMICO 2024 🥈#2 em Novidade (Jun/2024) 🥈#2 em Bissexual (Jun/2024) 🥉#3 em Novo (Jun2024) 🏅#4 em Sensível (Jun/2024) Kai levava uma vida agitada. Residente no Hos...