33 - Segredos

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Kai

Eu estava me sentindo estranho. Ok, foi muito foda, mas eu estava esquisito pra caramba. Ouvia o coração do Gustavo batendo com força contra meu rosto enquanto eu o abraçava, ouvia o som do chuveiro onde Lílian se banhava e fiquei meio cismado, preocupado de ele ter curtido mais a Lílian do que eu.

Na verdade, ele quase não tocou nela. Salvo um beijo, ele se manteve concentrado no meu corpo. Me apeguei a isso e meu silêncio durou tanto tempo que uma hora ele puxou meu rosto para cima para me olhar nos olhos.

– Tudo bem, Meo? – Ele me encarou com aqueles olhos lindos. Meu peito chegou a doer.

– Você já fez muito disso antes? – Não era o que eu ia perguntar, mas foi o que acabou escapando. Aos poucos eu me dava conta de que o conhecia demais ao mesmo tempo em que não sabia um monte de coisas a respeito dele. Havia um lado dele que ele parecia sempre querer esconder, e era esse lado que me intrigava.

– Já fiz muito de tudo, Kai. Você pode imaginar, certo? – Ele tentou soar descontraído, mas no fundo havia algo, eu não sabia o quê.

– Pro seu tio?

Ele me olhou por um instante e se levantou, abruptamente. Quase caí da cama com seu movimento.

– Você tem mesmo que foder com o momento, não é? – Ele passou as mãos pelo cabelo. Estava muito aborrecido.

– Desculpa, Gu. Não pode me culpar por estar curioso. Isso tudo aqui pareceu muito natural pra você.

– É natural pra muita gente, se quer saber. Você é que parece uma freira virgem no assunto.

Certo. Ele ia apelar pra chacota. Senti-me subitamente cansado desse comportamento dele.

– Quer saber, Gustavo, deixa pra lá. Não quero saber da tua vida. Você pode esconder suas paradas, ficar agindo como se nada importasse, passar por cima de tudo, da gente, eu não vou mais insistir contigo. Isso aqui – fiz um gesto circular com o dedo apontando pro colchão – não vai mais rolar, beleza? Pra matar a curiosidade valeu, mas nunca mais eu vou entrar nessa.

– Só queria que você se divertisse, Kai. Tava um clima ruim pra caralho com a Lílian e vi uma oportunidade de melhorar.

– Ah, claro. Melhorou muito! – Fui irônico – vai ficar um clima supertranquilo agora que todo mundo se viu pelado e gozou junto. Parabéns!

Eu não sabia por que estava tão irritado. Tinha sido incrível, sim, mas acho que eu não era um cara tão evoluído para certos tipos de coisas.

Mais uma vez, valeu mãe! (Sarcasmo implícito)

– Não seja um cretino, Kai! – Era Lílian, que tinha voltado ao quarto para pegar as próprias roupas. – Não foi culpa dele. Eu quis isso e estou super bem. Matei a curiosidade e agora vou deixar você viver sua vida. Ficou claro pra mim que você estava fazendo o que te deixa mais feliz então, sem estresse ok? Considere isso como uma foda de despedida.

Com isso, ela se dirigiu ao Gustavo e sorriu.

– Parceiros? – Gustavo perguntou. Estava de pé, pelado e, como sempre, nem um pouco vexado pela situação.

– Parceiros. Te espero no ateliê na quinta-feira. Kai tem o endereço. Pretendo ter os primeiros esboços em mãos. Comportem-se, meninos!

E saiu.

Saiu da minha vida e me deixou com o Gustavo, que ainda me olhava com o semblante muito fechado. Ele foi pro banho e eu o segui, mas não entrei. Ele se banhou e saiu sem dizer nada, eu fui tomar banho e quando saí, ele estava olhando pela janela com Chokito de pé, as patas apoiadas ao parapeito da janela.

Indestrutível (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora