Felipe mal tinha dado cinco passos dentro de casa quando sua perna foi atingida por um chute.
— Ai, moleque! — ele quase gritou, começando a pular sobre uma perna só e passar a mão sobre a canela que fora atingida.
Ele encarou o menino que era uma miniatura dele e do irmão, com a pele branca com sardinhas no rosto e o cabelo escuro cortado em tijelinha.
— Você falou que ia me buscar na escola! — Nikolai disse, cruzando os braços em frente ao corpo.
Os homens Kravtsov tinham um traço de comportamento em comum: eram todos muito dramáticos e sentimentais, Nikolai não era diferente.
Quando o garoto nasceu Felipe não tinha muito interesse com ele, na época ainda estava saindo da adolescência e se irritava com crianças e todas as suas necessidades específicas de serem amados e cuidados o tempo todo — e também não suportava ver o irmão grudado com a irritante da ex-esposa.
Anos depois eles descobriram que Nikolai era autista e isso mudou muita coisa para a família: a casa precisava estar mais calma então os seguranças não podiam ficar perambulando por ela, fazendo barulho; o cardápio das refeições sempre tinha uma opção extra por causa da seletividade alimentar do garoto; e eles mantinham uma rotina bem focada, porque isso fazia bem ao Kravtsov mais novo. Com isso, os sentimentos de Felipe acabaram mudando também e ele se aproximou muito do sobrinho.
Ele estava com Nikolai sempre que o irmão não podia, ia a reuniões da escola, o levava nas consultas e até mesmo fazia promessas que não cumpria como dizer que iria buscar o garoto na escola e depois acabar mandando um segurança ir em seu lugar.
— Niko, vai com calma, seu chute tá ficando muito forte! — Felipe reclamou, enquanto voltava a abaixar a perna.
A gente nunca deve culpar a vítima, mas acho que nesse caso ele mereceu.
— Eu tive um assunto urgente pra resolver — ele se inclinou ficando cara a cara com o sobrinho, Nikolai tinha apenas 7 anos, mas já media quase 1,40m. — Perdoa o tio, eu vou compensar jogando Sonic com você por horas seguidas!
— Você só sabe prometer — Nikolai reclamou e saiu batendo o pé, subindo rapidamente as escadas para o segundo andar.
*
Felipe se jogou na cama e menos de um minuto depois o telefone começou a tocar, se fosse tio Grigori com assuntos de negócio ele surtaria — fazia só uma semana que Aleksei viajara e ele já estava cansado das responsabilidades que assumira por ele.
— Quantas horas são aí? — a voz animada de Aleksei chegou a seus ouvidos assim que ele o atendeu.
— Hora do almoço. Aí devem ser umas cinco da manhã, por que você tá acordado?
— Não consigo me acostumar com o horário.... Felipe, por que o meu filho me mandou umas dez mensagens xingando você?
Felipe soltou uma gargalhada alta e se sentou na cama enquanto contava o ocorrido.
— Nós Kravtsov, os dramáticos da Rússia — Aleksei falou, pronunciando a frase que o pai deles sempre dizia quando um dos filhos fazia pirraça. — Tenho trabalho para você, presta atenção.
Felipe soltou um gemidinho de descontentamento.
— Semana que vem você vai ter uma reunião com alguns representantes do Japão — Aleksei continuou, sem se importar com os sons que o irmão fazia. — É um grupo que tentamos conquistar há muito tempo, tio Grigori tem todas as informações. Seja carismático, os convença a fechar contrato conosco e contrate um buffet de café da manhã!
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KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)
Storie d'amoreNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...