Eles haviam deixado o carro guardado em um estacionamento próximo ao aeroporto, pensando que Aleksei mandaria alguém para buscá-lo depois que partissem, então foi de grande ajuda não precisar chamar um táxi que dirigiria lentamente até o outro lado da cidade.
Felipe sentia um misto de raiva, culpa e adrenalina enquanto pisava fundo no acelerador, infringia diferentes leis de trânsito e virava bruscamente em todos os caminhos necessários.
Ele sentia que Joaquim não estaria naquela situação se não fosse por ele, que jamais seria ferido, como naquela vez que estavam no sítio, se ele não tivesse iniciado toda aquela aproximação.
— Felipe! — Santos disse de repente, o arrancando de seus pensamentos. — Devo lembrá-lo de que se morrermos em um acidente de trânsito, não poderemos salvar ninguém.
Felipe soltou um rosnado, mas diminuiu a velocidade. Santos era sensato, fazia sentido de porquê Aleksei confiava a ele a vida de seu único filho.
— Onde a gente tá indo? — Nikolai questionou, sentado no banco traseiro.
— Estamos indo a casa da Rebeca, Niko!
— Legal!
*
Felipe parou o carro em frente à casa de Joaquim e viu que dois carros de luxo já estavam parados ali. Ele desceu apressado e correu portão a dentro.
— Alguma novidade? — ele questionou, entrando na sala e chamando a atenção de todos que estavam presentes.
Samuel estava sentado no sofá com um notebook no colo e Aleksei estava em pé atrás do sofá, olhando tudo o que o segurança fazia. As tias de Joaquim estavam paradas na entrada para a cozinha, segurando a mão uma da outra e parecendo devastadas. Felipe não imaginara que conseguiria se sentir ainda pior do que sentia, mas ali estava o sentimento, cada vez mais brutal, cada vez mais corrosivo.
— Não — Aleksei respondeu, cruzando os braços. — Estamos tentando rastrear o carro pelo sistema de câmeras da segurança pública, mas é muita coisa pra olhar.
De repente Nikolai entrou na casa perguntando por Rebeca e a menina apareceu no corredor, trazendo uma agenda nas mãos.
— Beca, não mexe nas coisas do seu irmão — tia Ângela foi até a menina e pegou o caderno de sua mão.
— Uma vez eu vi num filme que eles conseguiam encontrar uma pessoa por causa do telefone dela — Rebeca disse, parecendo animada. — Esse é o diário do Joaquim, ele escreve tudo nele!
— As senhas! — Felipe disse, se apressando para sentar ao lado de Samuel e pegando o computador de seu colo. — Podemos rastrear o telefone dele com a senha. Você é um gênio, Rebeca!
A menina deu um sorrisinho animado e então chamou Nikolai para irem brincar em seu quarto.
Bastou apenas que Felipe entrasse no Google, buscasse por rastrear telefone e um mapa surgiu na tela.
A chame que queimava em seu peito, de repente, parecia lhe trazer um tipo diferente de sentimento. Um pouco de esperança.
*
Joaquim estava num carro junto com três caras encapuzados. Aquela era a cena mais irreal que já vivera em toda a sua vida, mesmo se contasse com aquela vez que fora perseguido por caras de moto que haviam atirado no carro do tio de Felipe.
— Onde a gente tá indo? — ele perguntou, olhando do cara que estava do seu lado no banco para o motorista do carro.
— Isso não importa pra você! — o motorista respondeu.
Que grosso!
Joaquim já tentara abrir a porta do carro, imaginando a si mesmo pulando para fora, mesmo o veículo estando em alta velocidade, e saindo gritando por ajuda. Mas claramente aquele era um daqueles carros com trava de segurança para crianças porque ele não conseguira abrir a porta.
— O que vocês querem comigo? — ele voltou a perguntar, se remexendo no banco enquanto tirava sorrateiramente o telefone do bolso direito da calça. — Eu sou pobre, não posso pagar pra ser resgatado!
Os homens não disseram nada, parecendo estar envolvidos no mais chato sequestro já ocorrido na história da humanidade.
Finalmente Joaquim conseguiu tirar o aparelho do bolso e ficou olhando para os lados, para ter certeza de que não o viam, enquanto enfiava o aparelho no espaço entre o assento e o escoro do banco.
Agora, ele só podia torcer para que conseguissem rastreá-lo.
Em seu peito, ardia a mesma chama do coração de Felipe.
*
Meia-hora depois o carro finalmente parou. Eles estavam no que parecia um bairro abandonado, cheio de galpões pichados e com as janelas quebradas e o carro estacionou junto ao que parecia o único prédio em um raio de dois quilômetros.
O cara que estava no banco do passageiro a sua frente pulou do carro e se apressou para abrir a porta e o segurar seus braços, prendendo-o com algemas.
— Anda! — o homem ordenou, o guiando para dentro do prédio antigo.
Eles passaram por um pátio extenso com a escultura de uma mulher segurando um vaso que provavelmente era um chafariz em tempos menos abandonados.
O prédio era bem conservado, apesar de claramente não ser residido por pessoas. Os homens guiaram Joaquim até um espaço amplo que provavelmente fora o hall da construção no passado. Eles o fizeram se sentar em uma cadeira de ferro e o prenderam nela com uma corda.
— Ai meu Deus! — ele sussurrou para si mesmo ao se remexer e ver que realmente estava preso.
Os três homens ficaram parados ao lado dele. Não demorou para que passos começassem a ser ouvidos num corredor a esquerda e quando virou a cabeça, Joaquim viu uma pessoa se aproximando, com um sorriso no rosto. E só conseguiu reconhecer quem era, quando chegara bem perto dele.
— Você? — ele disse, sem entender o que estava acontecendo.
*
O carro parou em frente ao portão da mansão e Samuel viu Felipe saltando apressado, sem dizer uma só palavra, entrando com tudo na propriedade da família. O segurança desceu do carro no exato momento que os outros dois carros pararam atrás do dele, e Aleksei desceu, saindo correndo como o irmão.
Samuel foi até os guardas no portão e ordenou que mandassem mais duas pessoas para a casa de Joaquim, para ficarem de segurança junto com o guarda que ficara na propriedade cuidando de Nikolai. A conversa levou tempo o suficiente para que Santos descesse do carro e o alcançasse, e eles seguiram junto para dentro de Kravtlândia.
— Senhor, preciso te contar uma coisa — Santo disse, e seguiu apressado para o corredor que levava a cozinha, Samuel o acompanhou. — Recebi uma mensagem estranha quando estávamos no aeroporto.
Samuel o encarou, sem entender o que estava acontecendo.
— Diz logo! — ele pediu.
— Quem me contou não sabia exatamente quem havia começado a conversa, mas... — Samuel iria dar um soco na cara de Santos se ele continuasse com aquelas pausas dramáticas. — Estão oferecendo o triplo do salário para quem aceitar trair os Kravtsov...
— Quem está oferecendo? Qual o trabalho?
— Ser um informante, ficar em Kravtlândia e contar tudo o que está acontecendo. E não sabem quem é, apenas dizem que quem aceitar deve mandar mensagem para um número de telefone estrangeiro que passaram.
Samuel passou as duas mãos sobre o rosto, pensando no que acabara de ouvir. O triplo do salário? Quem teria tanto dinheiro para tentar roubar os funcionários dos Kravtsov? Quem teria tanto poder?
— Santos, nós não temos outra escolha... — ele disse de repente.
— Senhor? — Santos questionou, o encarando confuso.
— Nós vamos trair os Kravtsov!
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KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)
RomanceNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...