Capítulo 41 - QUESTÕES

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O KravtShopping funcionava até as 22:30hrs, todos os dias, religiosamente. Mas a Pão de Céu não seguia esse horário, embora já fosse claro para Joaquim e as tias que os clientes adorariam se assim fosse.

Naquele dia, as 19hrs, Joaquim deu uma volta para conferir se não estava esquecendo nada e depois seguiu até a porta, onde Mattia estava parado.

— Tem certeza de que não quer sair pra fazer alguma coisa? — ele perguntou, fazendo uma carinha de cachorro pidão.

Por que herdeiros da máfia são tão dengosos? Seria falta de um ensino mais rígido? Seria o excesso de drama na vida? Com certeza isso caberia em um estudo científico!

— Você precisa me avisar com mais antecedência — Joaquim respondeu, puxando a porta para trancá-la. — Combinei de passar a noite com o Sr. Mafioso número um, e seu eu cancelar ele sofre. Ele é totalmente viciado em mim! — Completou, se sentindo muito desejado com essa informação.

Mattia deu um risinho e tirou o telefone do bolso.

— Vamos ver uma data nas próximas semanas.

Joaquim se virou após trancar a porta e viu Felipe se aproximando. Ele estava usando uma camisa tão justa que estava marcando os peitos, os bíceps e que mostraria a barriga se ele levantasse o braço no mínimo movimento que fosse. O padeiro queria pegá-lo pela mão e sair exibindo-o em praça pública antes de levá-lo para um quarto e fazer horrores com ele!

Nossa... assim... então!

— Ei! — Joaquim disse animado, agarrando a cintura de Felipe e lhe dando um beijinho rápido, embora quisesse mesmo era dar um daqueles bem demorados.

— Oi — Felipe respondeu e então olhou para Mattia. — Você tá batendo ponto aqui, hein?!

O italiano riu, mas Joaquim entendeu a alfinetada.

— Eu tenho pouquíssimos amigos no Brasil — ele explicou. — Tô tentando cultivar mais amizades!

— E está conseguindo — Joaquim logo tratou de falar. — Agora já vamos indo, a gente se fala depois, Mattia!

E então ele segurou na mão de Felipe e saiu o arrastando em direção ao elevador. Eles desceram até o estacionamento e assim que entraram no carro, o mafioso disse:

— Você tá passando tempo demais com aquele cara!

— Felipe! — Joaquim o repreendeu, dizendo apenas seu nome como um pai faria.

— Eu não tô com ciúmes, só acho que você tem que tomar cuidado, eu não confio nele!

Joaquim soltou um suspiro.

— Foda-se, confie em mim, eu não sou o mocinho facilmente conquistável de um romance!

Felipe o encarou, balançando a cabeça.

*

Samuel atravessou a grama da propriedade sem se preocupar em ir até o caminho de pedras e entrou no salão de treinos.

Em outros tempos o espaço estaria lotado, com os homens gritando em meio aos treinos, comemorando com lutas e apostas e fofocando, que era o que os guardas faziam de melhor. Mas as coisas estavam um pouco diferentes desde que a turma da Rússia havia chegado: os treinos eram sempre muito cedo, no início da manhã, e agora os guardas brasileiros, mesmo os que estavam em horário de folga, ficavam cansados demais para pensar em treino extra e apostas de luta.

— Santos? — Samuel perguntou, olhando de um lado para o outro.

— Aqui — a cabeça de Santos surgiu, saindo da copa.

Samuel se apressou até lá. Santos estava sentado em uma das cadeiras da mesa do café, tomando um energético. Ele sempre tivera cara de solitário, mas para Samuel ele parecia ainda pior nos últimos dias.

— E aí, o que você precisa? — ele puxou uma cadeira e se sentou também.

— Informações — respondeu, rapidamente. — A chefia tá desconfiada de toda essa calmaria dos Kravtsov!

— Não tem nada acontecendo — pontuou Samuel. — Quase cem homens desistiram de trabalhar com os Kravtsov e tudo o que o Aleksei faz é treinar uma nova equipe...

— Tem sido cansativo demais enfrentar todo esse treinamento pesado e ser um agente duplo — desabafou Santos, tomando um gole do energético. — Tenho me questionado se não seria melhor desistir de tudo.

— Não, Santos! A gente não teve escolha... Os Kravtsov estão perdendo o poder de antes, essa era a nossa única saída! — afirmou, mas não conseguia deixar de pensar que não estava tão certo assim.

*

Samuel já andava tenso, mas a conversa com Santos o deixara ainda pior. Então sua saída foi ligar para seu principal apoio de desestresse naqueles últimos dias.

— Alô, disk sacanagem falando — Aluísio disse, ao atender.

— Tem vaga pra mim hoje? — Samuel questionou, rindo.

— Chega aí!

Trinta minutos depois ele estava entrando no apartamento de Aluísio, arrancando a roupa enquanto seguiam para o quarto.

Trinta minutos depois ele estava se vestindo. Alguns dias eram melhores que outros.

— O que aconteceu? — Aluísio questionou. — Você parece meio distante hoje.

— Problemas de trabalho — Ele se levantou após calçar os tênis. — Te ligo depois?

— Talvez eu te ligue antes!

E então ele foi embora.

KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)Onde histórias criam vida. Descubra agora