Joaquim seguiu pela calçada escura e mal iluminada, preocupado que alguém aparecesse de repente para roubá-lo — depois dos ataques que sofreu estando ao lado de Felipe, ele ficara ainda com mais medo de dois caras em uma moto.
Bom, mais vale um mafioso de carro...
Ele virou a esquina e avistou o posto de gasolina, brilhando como uma luz no fim do túnel ou uma estrela da morte. Quando Mattia falou que precisava entregar algo a ele, Joaquim dissera que era melhor se eles se encontrassem em outro lugar, e acrescentou dizendo que Felipe poderia ter deixado alguém vigiando sua casa.
Embora aquilo parecesse muito coisa de filme, os Kravtsov realmente tinham pessoal disponível para isso.
Joaquim atravessou a rua e viu a Porsche verde de Mattia estacionada próximo a loja de conveniência. Ele deu a volta e entrou no carro.
— Tô começando a ficar paranoico — ele falou, respirando fundo. — Fiquei com medo de ele estar me vigiando.
— Logo isso vai passar — prometeu Mattia. — E eu também tenho poder pra colocar pessoas te olhando, cuidando de você!
Joaquim balançou a cabeça.
— O que eu preciso fazer? — perguntou, se sentindo ansioso.
— Pega isso — ele enfiou a mão no bolso da camisa de botão e tirou o que parecia um pen drive turbinado, com peças extras. — Você só precisa plugar isso no computador principal deles, esperar cinco minutos e depois tirar. Pronto. Aí você me entrega amanhã!
Joaquim deu uma olhada rápida no dispositivo e o guardou no bolso da calça, apressadamente.
— Tudo bem, melhor eu ir agora — ele abriu a porta. — Eu te mando mensagem quando conseguir.
— Espera um pouco! — Mattia segurou no braço dele.
Joaquim virou o rosto, o encarando, e no momento seguinte Mattia se inclinou. Encostando os lábios nos dele.
A primeira reação que ele teve foi se afastar.
— Mattia... — disse, encarando o rapaz com angustia. — Eu... Eu ainda não estou preparado pra isso!
Mattia forçou um sorriso e balançou a cabeça.
— Tudo bem, peço desculpas. Acho que estou animado demais!
— A gente se fala, tudo bem?!
E então ele desceu do carro e ficou olhando enquanto Mattia seguia pela rua antes de fazer o caminho de volta.
*
No dia seguinte, de manhã, Joaquim estava se arrastando pela padaria após uma péssima noite de sono, banhada pelos piores pesadelos possíveis — a maioria envolvia dispositivos que viraram gigantesco monstros de destruição, como se os transformers fossem dar uma passadinha em Belo Horizonte.
Ele estava limpando algumas mesas quando Felipe passou pelo corredor em frente a padaria. Eles se encaram por um momento, ambos com a cara fechada, e então o mafioso seguiu o caminho, sem dizer qualquer coisa ou levantar a mão para um cumprimento.
Joaquim se arrastou de volta para o balcão.
— Tá tudo bem entre vocês? — Priscila perguntou, se aproximando dele junto com Felicia.
— Aparentemente não existe um paraíso — Joaquim comentou, se virando para entrar na cozinha.
Uma hora depois ele recebeu uma mensagem.
De: Gigalipe
Não vamos ficar assim
por favor
Bora marcar algo lá em casa, eu e você
e nossa família!
Ali estava a deixa. Joaquim rapidamente digitou uma mensagem de volta, confirmando que iria e que chamaria todo mundo. Logo em seguida ele tirou um print da conversa e enviou para Mattia.
De: Joaquim
Hoje de noite.
Amanhã entrego pra você!
A resposta de Mattia não demorou um minuto para chegar.
De: Mattia R.
Ótimo! Amanhã vou te
Apresentar a uma pessoa!
Um arrepio correu pelas costas de Joaquim, se sentindo nervoso enquanto imaginava o que iria acontecer a seguir.
É, acho que estamos prestes a descobrir!
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KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)
RomanceNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...