O coração de Joaquim ainda estava acelerado enquanto Samuel o levava escadas a baixo, prometendo que conseguiria tirar aquelas algemas dele quando chegassem a Kravtlândia.
Eles passaram pela cadeira onde ele estava amarrado minutos antes e continuaram para a saída, encontrando um verdadeiro cenário de guerra, com homens caídos ao chão e sangue escorrendo para todos os lados.
— Revistamos os carros — Santos, o segurança baixinho que sempre acompanhava Nikolai, se aproximou deles. — Acho que isso é seu, Joaquim!
— Obrigado, eu escondi ele lá — Joaquim disse, pegando o aparelho e desbloqueando, já pensando em ligar para as tias.
— Você sabia que o rastrearíamos? — perguntou Samuel.
Ele estava guiando Joaquim para um dos carros.
— Eu desejei que rastreassem — ele respondeu. — Mas também fiquei com medo dos outros caras o acharem e quebrarem. Eu ainda tô pagando esse negócio!
Os seguranças caíram na risada.
Os três seguiram com o carro, indo embora na frente. Joaquim gostaria de voltar com Felipe, mas entendia que eles tinham trabalho para fazer ali.
*
Como prometido, Samuel conseguiu arrancar as algemas de Joaquim, o que fez ele pensar que jamais desvalorizaria o ato de abrir os braços em direções opostas — um ato muito importante para seres humanos que gostam de abraçar.
Logo depois o levaram a cozinha para tomar uma água e comer um lanche, o que ele aceitou de bom grado. Ele sempre achara que se passasse por uma situação de vida ou morte perderia completamente o apetite, mas, sendo bem sincero, ele nunca sentira tanta fome como naquele momento.
Ele aproveitou para ligar para as tias e os amigos, contou que estava bem e que eles teriam que virar a noite para que comentasse sobre tudo o que havia vivido naquele dia — pelo menos ele teria uma história legal para dividir com a galera.
— Joaquim — Samuel entrou na cozinha, enquanto ele comia o terceiro misto. — Felipe e Aleksei chegaram, eles querem conversar com você!
Ele largou o misto de lado de seguiu Samuel.
Eles entraram em um escritório moderno, com escrivaninha de madeira escura e um iMac branco desligado. Aleksei estava sentado junto a mesa, logo atrás dele tinha uma grande estante abarrotada de livros antigos.
Será que os Kravtsov gostam de ler clássicos do romantismo?
— Ei — ele disse, entrando na sala e só então vendo que Felipe estava escorado na parede a sua esquerda, perto do irmão.
— Sente-se, por favor — Aleksei pediu e ao olhar para Felipe, Joaquim o viu balançando a cabeça.
Ele se acomodou, cruzando os braços como se aquela cadeira pudesse prendê-lo exatamente como aquele assento de ferro no prédio abandonado.
— Como você está? — Aleksei o perguntou.
— Eu tô bem, é... — ele deu um pausa e coçou a cabeça. — Será que posso falar de uma vez tudo o que eu sei? Eu preciso muito conversar a sós com seu irmão!
Aleksei soltou um risinho e pediu que ele continuasse.
Joaquim não poupou detalhes, contando desde o momento em que fora capturado, sobre como deixara o telefone no carro e também o quanto ficara surpreso ao encontrar Grigori e Sara. Ele contou sobre o que ela falara, sobre seu plano para acabar com os Kravtsov e tomar o tal poder metafórico deles — isso ele decidiu acrescentar por conta própria.
— Eu jamais imaginei — Aleksei comentou.
— Nenhum de nós imaginou — Felipe se aproximou do irmão, colocando a mão sobre seu ombro.
— Ah, ela explicou isso também — Joaquim continuou. — Ela disse que o sobrenome que vocês conhecem é falso, o sobrenome real dela é outro.
— E qual é? — Felipe perguntou.
— Não deu tempo de descobrir e sinceramente eu não me importei muito!
Aleksei o agradeceu por conseguir descobrir tantas coisas para eles e disse que, apesar de terem sofrido um baque naquele momento, era bom finalmente saberem com certeza com quem estavam lidando.
*
Felipe e Joaquim saíram juntos do escritório. Apressadamente, Felipe segurou na mão do padeiro e o puxou por um corredor, saindo na lateral da casa onde ficava a piscina e um jardim amplo, com um grande quiosque coberto por telhas alaranjadas antigas.
Eles seguiram até o centro do quiosque e se sentaram frente a frente nas cadeiras que ficavam junto a uma grande mesa de madeira.
— Tá tudo bem, mesmo? — Felipe perguntou, segurando nas mãos dele. — Pode falar a verdade!
Joaquim o encarou por um segundo e então puxou as mãos, começando a bater em Felipe.
— Seu viadinho de merda! — ele falou, com raiva. — Você tava pensando em ir embora? Eu vou acabar com você!
Felipe soltou uma risada e então se inclinou, o puxando para um abraço. Só assim ele parou de apanhar.
— Me perdoa — ele pediu, se afastando e encarando Joaquim com aquele olhar de cachorro pidão. — Eu fiquei com tanto medo de que você se ferisse por minha culpa, que eu só aceitei ir embora e me afastar de você.
— Foda-se — Joaquim afirmou. — Eu que devo escolher se quero correr riscos ou não!
Felipe abriu um sorrisinho tímido e voltou a segurar nas mãos dele.
— Eu perdi a aposta, você ganhou!
— Ah, não — negou Joaquim. — Eu perdi também, seu gigante idiota. Somos dois perdedores!
Felipe ficou tão contente, que a única coisa que pensou em fazer foi se inclinar e o puxar para um beijo longo e demorado.
Quando se afastaram, Joaquim sorriu e disse:
— Eu até perdi, mas vou ficar com aquele dinheiro pra mim!
Felipe soltou uma risada alta e apenas balançou a cabeça, concordando, antes de puxá-lo para outro beijo longo e demorado.
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KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)
RomansNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...