Capítulo 39 - CIÚMES

42 9 4
                                    


Era o dia 20 de Julho, Dia do Amigo, e Rebeca estava na padaria enchendo o saco de Joaquim para levá-la até Kravtlândia e ela poder ver o Nikolai.

— Tá bom, garota — ele disse, enquanto ele puxava seu avental. — Se o Felipe aparecer aqui eu peço pra gente ir lá mais tarde!

Finalmente ela o deixou em paz e foi se sentar em uma das mesas para terminar sabe-se lá o que desenhava nos cadernos de escola — embora estivesse de férias, ela andava com os materiais para todo lugar que ia.

Após todo aquele mês saindo pra cima e pra baixo com Felipe e negligenciando seu trabalho, Joaquim estava tentando se fazer mais presente no empreendimento da família, isso definia encontros românticos programados com horários após, pelo menos, 8 horas de trabalho.

Seguir as regras autodeclaradas não estava sendo tão fácil quanto ele imaginava. Depois que haviam assumido a paixão um pelo outro, Joaquim e Felipe pareciam ter ficado ainda mais safados, e a ideia de ter que esperar tanto tempo diariamente para se verem acabava sendo um pouco sofrida.

Eles vão aprender uma boa quando ficarem esfolados.

Era de tarde, pouco antes de escurecer, quando Mattia Romano entrou na padaria, cumprimentando Joaquim de forma animada.

— Estou em abstinência! — ele declarou, pousando as mãos sobre o balcão. — Me dê todos os seus sonhos.

— E se eles tiverem acabado? — Joaquim brincou, soltando um risinho maléfico.

Como a tia havia contado, Mattia aparecia religiosamente todos os dias para comprar pães, sonhos, tortas ou quaisquer outros quitutes que eles preparavam. Joaquim só foi ter noção disso nas duas últimas semanas, com sua rotina rigorosa recentemente estabelecida.

— Ai — Mattia colocou a mão sobre o peito. — Você me fere com suas palavras!

Joaquim riu enquanto pegava um saco e foi colocando os sonhos que o rapaz havia pedido.

— E aí, como tem ido o negócio de vocês? — ele perguntou, enquanto fazia o pagamento. — Nunca cheguei aqui e vi o local vazio.

— Graças a Deusa tá indo tudo certo — Joaquim respondeu. — A gente tem clientes no dia a dia e recebe bastante encomendas, acho que minhas tias estão começando a se cansar de fazer tanto salgado de festa.

— Fico feliz, quem sabe não nos tornemos parceiros de trabalho também!

— Perfeito, mas melhor lidar com minhas tias, eu particularmente não sou um bom prestador de serviços.

Seu contrato com os Kravtsov havia lhe rendido um namorado, mas não mudava o fato de que Joaquim tinha sérios problemas com exigências inesperadas.

Falando em prestação de serviço, naquele exato momento o mais alto dos mafiosos terrestres entrou na Pão de Céu, trajando uma camisa preta muito justa nos braços e um sorriso de enlouquecer muitos padeiros. As funcionárias da padaria, Felicia e Priscila, que estavam atendendo outros clientes, soltaram risinhos ao vê-lo.

Afinal, ele também tinha um sorriso de enlouquecer atendentes de padaria!

— Olá, olá... — Felipe começou a dizer, animado, mas parou ao ver Mattia. — Boa tarde — disse, assumindo uma pose formal. — Romano, não é?!

— Mattia Romano — o rapaz respondeu.

— Ah sim, costuma vir muito ao meu shopping?

Claro que ele iria usar pronome possessivo. Joaquim já havia reparado que Felipe costumava falar das posses da família quando ficava nervoso.

Nervoso? O que será que estava deixando-o assim?

— Todos os dias — Joaquim comentou, animado. — Ele come mais do meu pão que eu mesmo!

Mattia e Joaquim riram, mas Felipe olhou de um para o outro, com cara fechada.

— Ei, Felipe — Mattia chamou. — Fiquei sabendo que sua família está passando por uns problemas — ele falou baixinho, parecendo não querer que os outros clientes o ouvissem. — Sei que nossas famílias nunca fecharam negócio, mas estamos disponíveis, caso precisem!

As orelhas de Felipe ficaram vermelhas como pimenta. Joaquim tentou ir ao apoio dele:

— Nada de discutir negócios na frente dos meus sonhos — ele forçou um risinho.

Mattia virou a cabeça, olhando para ela com um largo sorriso.

— Você tá certo. E de qualquer forma eu preciso ir, meu pai deve estar enlouquecendo em casa esperando o pedido dele!

Ele se despediu com um aceno e Felipe ficou o observando enquanto saía da padaria.

— Então — Joaquim chamou sua atenção. — Hoje é dia do amigo, o que eu vou ganhar?

— Você não é meu amigo — Felipe rebateu, voltando a encará-lo com um sorriso sapeca. — É meu namorado. E é bom espalhar a notícia!

*

Rebeca mal entrou na mansão e saiu correndo para encontrar Nikolai em seu quarto. Joaquim ficou rindo, vendo a irmã animada e disse para Felipe:

— Tá aí duas pessoas que vão comemorar esse dia do amigo.

— Não me diz que você preferia estar com seus amigos do que comigo — Felipe disse, fazendo um biquinho, fingindo estar chateado.

Joaquim ficou na ponta dos pés e o puxou para um beijo.

— Não me diz que você é do tipo tóxico que quer me afastar de todo mundo!

— De algumas pessoas eu quero sim.

Ele segurou na mão de Joaquim e começou a puxá-lo em direção a cozinha.

— Faz um pãozinho na chapa pra mim? — pediu, fazendo vozinha de criança.

Por Deus esse homem tem quase dois metros, o que está acontecendo com ele?

— Faço — cedeu Joaquim, se sentindo fraco perante a toda aquela gostosura gigantesca. — Me diz uma coisa — ele parou em frente a geladeira, com a porta aberta e encarou Felipe. — Você estava com ciúmes do Mattia?

Felipe deixou a cabeça cair, como se estivesse pesada — como se já tivessem chifres lá.

— Sabe o que eu acho? — Ele deu a volta no balcão e foi até o padeiro. — Se você realmente vai escolher correr perigos para estarmos juntos, precisa estar preparado para tudo.

— O que isso significa?

— Significa que esse pão vai ficar pra outra hora — Ele empurrou a porta da geladeira, a fechando. —Vem, eu vou te ensinar a atirar!

KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)Onde histórias criam vida. Descubra agora