Prologo

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Cemitério de São Francisco Xavier,Junho de 2011

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Cemitério de São Francisco Xavier,
Junho de 2011

Enxugo as lágrimas enquanto deposito o buquê de flores brancas sobre o túmulo de Joaquim.

Meus dedos traçam suavemente as letras frias de seu nome gravadas na lápide, como se pudesse, de alguma forma, tocar sua memória uma última vez.

Joaquim Franco Castro,
Filho amado
02/07/2009
03/07/2009

Com o coração pesado, começo a caminhar em direção à saída do cemitério, o som abafado dos meus passos sobre a terra úmida sendo a única companhia.

Ao longe, meus olhos são atraídos por outro funeral. Um homem solitário segura um bebê nos braços, sua dor silenciosa ecoando a minha.

_ Helena! – A voz de Caio corta o silêncio, e meu corpo reage antes que eu possa pensar, acelerando o passo em direção ao carro, tentando escapar.

_ Precisamos conversar! – Ele insiste, sua voz cheia de urgência.

Paro abruptamente, mas não me viro.

_ Você tem até quinta para me entregar os papéis do divórcio – digo, a voz firme, mas cheia de dor contida, enquanto destravo o carro.

_ Você não pode acabar com tudo assim... – Ele se aproxima, as palavras desesperadas – Foi um erro, um deslize...

Minhas mãos tremem, e eu me viro, finalmente encarando-o, o olhar cheio de incredulidade e amargura.

_ Deslize? – Minha voz sai afiada, cheia de mágoa. – Trepar com a minha melhor amiga enquanto eu enterrava o nosso filho foi um deslize pra você? – Cuspo as palavras, o gosto amargo da traição envenenando minha boca.

Caio fica em silêncio, a culpa em seus olhos, mas para mim isso já não importa mais.

_ Você é inacreditável... – Sussurro, mais para mim do que para ele. O vazio entre nós é insuperável.

A dor que sinto em meu peito é maior ainda, perdi meu filho e meu marido, eu não tinha mais nada.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora