30 - Filha

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Eu e Helena caminhávamos apressados pelos corredores da defensoria pública, minha cabeça em um turbilhão, fervendo de raiva

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Eu e Helena caminhávamos apressados pelos corredores da defensoria pública, minha cabeça em um turbilhão, fervendo de raiva. Eu estava a um passo de perder o controle e acabar com aquele idiota.

— Precisamos falar com o doutor Caio Castro — Helena disse, ansiosa, ao se aproximar da recepção.

— Ele está em uma ligação no momento e não pode atende - lós — a secretária respondeu, me fazendo revirar os olhos.

Sem pensar duas vezes, passei direto e fui em direção à sala de Caio, entrando sem aviso. Ele estava com os olhos fixos no computador, mas logo ergueu o olhar, surpreso com minha entrada abrupta. Antes que eu pudesse avançar, Helena entrou e me segurou.

— Posso ajudar? — ele perguntou, com um sorriso cínico. — Está tudo bem, Paula — disse para a secretária, que saiu, fechando a porta atrás de nós. — Imagino que já tenham recebido a intimação.

— Que merda é essa? — questionei, jogando a intimação sobre a mesa dele. Caio olhou de relance para Helena, que permanecia séria atrás de mim.

— Ela pode ser nossa filha — ele afirmou, e ri de nervoso, incrédulo, mesmo sem ver graça nenhuma naquilo.

— De onde você tirou essa ideia? — Helena perguntou, puxando uma cadeira para se sentar, tentando manter a calma.

— Há algumas semanas recebi uma carta anônima detalhando uma troca de bebês — explicou, pegando um envelope da gaveta e entregando a Helena. — Todos os detalhes estão aí.

Eu me encostei na parede, incrédulo, o peito apertado com as palavras que ele soltava como se fossem uma conversa trivial. Isso só podia ser algum tipo de brincadeira de mau gosto.

— Joaquim e Rafaela têm dias de diferença de nascimento — murmurei entre os dentes, sentindo a raiva começar a fervilhar.

O silêncio se instalou na sala enquanto Helena lia a carta com atenção. Eu não conseguia acreditar que ela sequer consideraria uma ideia tão maluca

Minha cabeça continuava a rodar, e cada palavra daquele imbecil só aumentava a raiva no meu peito.

— Ainda estou investigando, mas, com o resultado positivo do exame, poderei me aprofundar mais no caso — Caio afirmou, e Helena levantou os olhos, visivelmente irritada.

— Você pediu um exame de DNA com base em suposições? — ela questionou, incrédula.

— Você leu a carta — ele respondeu, imperturbável.

— Uma carta falando de uma troca de bebês — Helena rebateu, as mãos tremendo ligeiramente. — Uma carta sem remetente, sem qualquer prova concreta.

— Achei que ficaria feliz em saber que podemos ter uma filha — Caio retrucou, com uma falsa serenidade, enquanto eu esfregava o rosto, incrédulo com tudo o que estava ouvindo.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora