02 - Colega

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

— Temos o perfil? — pergunto a Carlos, que entra no auditório com o notebook em mãos.

— Temos, já adicionei aos slides da
apresentação — ele responde, e eu confirmo com um aceno de cabeça.

Nos últimos três dias, dedicamos nosso tempo a preparar uma apresentação adequada para a equipe do BOPE, onde iremos introduzi-los ao complexo mundo das vítimas especiais.

Enquanto Carlos ajusta os detalhes da apresentação, dou uma rápida olhada nas mensagens de Susana. Preciso lembrar de ligar para ela antes que fique preocupada e decida vir aqui no batalhão.

Os policiais começam a entrar, tomando seus lugares com a mesma postura rígida e intensa que os caracteriza.

Vejo Nascimento se aproximar, seu olhar avaliador me percorre de cima a baixo, como se estivesse buscando algo em mim. Inclino levemente a cabeça, mantendo a curiosidade sob controle.

— Algum problema, capitão? — pergunto, cruzando os braços e tentando desviar a tensão da situação.

— Nenhum, doutora — ele responde, mantendo a seriedade.

Desço os olhos pelo corpo dele e paro na aliança dourada que brilha em sua mão esquerda.

Coitada da esposa desse maluco.
A maioria dos policiais do BOPE é solteiro ou divorciado; quando um deles decide entrar para a "Tropa de Elite" da PMRJ, a vida pessoal acaba se tornando um luxo escasso.

— Bom dia, senhores — Nascimento começa, virando-se para a equipe que agora presta atenção nas suas palavras. — Conforme combinado, hoje teremos uma palestra, se assim posso chamar, com a Investigadora Helena Franco, da Polícia Federal. Vocês já a conhecem de alguns dias — ele comenta, a voz firme, mas com um leve tom de cansaço. A postura de Nascimento é firme, as mãos posicionadas para trás.

— Quero que prestem atenção no que a moç... No que a doutora vai falar e tomem notas — ele ordena, então se vira para mim. — A palavra é sua.

— Bom dia — digo, encarando os homens com determinação. — Acho que não precisamos de apresentação.

Respiro fundo, tentando captar a atenção deles, que agora olham para mim com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

— Hoje, falaremos sobre as vítimas especiais e como podemos, juntos, garantir que elas tenham o suporte necessário em situações de vulnerabilidade — contínuo, gesticulando levemente para enfatizar a importância do tema. — Esse é um assunto que exige nossa empatia e, acima de tudo, nossa ação. Cada um de vocês, com sua experiência e treinamento, tem um papel crucial nesse processo. Carlos por favor.

Continuamos com a apresentação, introduzo os homens a minha frente a um mundo novo, onde a tortura que eles fazem e coisa pouca perto do que eu já vivenciei nos últimos dezesseis anos.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora