10 - Quebrados

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Passo o braço de Helena pelo meu ombro, sentindo o peso do corpo dela contra o meu

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Passo o braço de Helena pelo meu ombro, sentindo o peso do corpo dela contra o meu. Por um segundo, penso em ligar para uma ambulância, mas logo descarto essa ideia. 

Conheço Helena o suficiente para saber que, para ela, isso não seria uma opção. Não era o tipo de mulher que aceitaria esse tipo de ajuda sem lutar contra.

— Eu não tô bêbada — ela resmunga, a voz arrastada.

Dou uma risada baixa, o cheiro forte de álcool quase me faz duvidar que ela saiba o que está dizendo.

— Acredito em você — respondo com um tom leve, mesmo sabendo que ela não está em condições de argumentar.

Chegamos ao banheiro, e eu a coloco cuidadosamente sentada no vaso sanitário. Ela parece exausta, a cabeça baixa e os olhos semicerrados, como se o esforço para se manter consciente fosse enorme. 

Ligo o chuveiro, ajustando a água para uma temperatura gelada, esperando que isso ajude a tirá-la desse estado. 

Por sorte, ela estava apenas de shorts e top, facilitando as coisas. Seguro-a com firmeza, conduzindo-a para debaixo do chuveiro frio.

— Não... — ela reclama, tentando sair da água.

— Tá gelada... — murmura, encolhendo o corpo.

— Vai ajudar com a bebedeira — digo, mantendo-a ali, mesmo com as tentativas fracas de se desvencilhar.

A água gelada corre pelos seus ombros e braços, e eu percebo que ela está ficando mais desperta, mas ainda assim lutando para se afastar do frio. 

Helena tenta se levantar, mas eu a mantenho firme no lugar, sabendo que isso é o melhor para ela no momento.

— Onde tem roupa? — pergunto.

— Quarto... fim do corredor... — ela murmura, mal abrindo os olhos.

Com um suspiro, deixo-a ali por um momento, ainda segura contra a parede do boxe, e saio do banheiro. Tiro o colete do BOPE, deixando-o pendurado no ombro, e pego o rádio no cinto.

— Neto, vou demorar um pouco. Assuma qualquer coisa que aparecer — aviso, ouvindo a confirmação rápida do outro lado.

Caminho pelo corredor estreito da casa de Helena. É uma casa simples, quase espartana em sua decoração. Nada extravagante, nada que chamasse atenção demais. 

Dois quartos, uma sala modesta, e a cozinha que já conheci. Tudo nela parece refletir a personalidade de Helena: prática, direta, sem floreios desnecessários.

Abro a porta errada no primeiro quarto que encontro e paro no lugar.

_Deus - Não era o quarto de Helena. Fecho a porta rapidamente, não querendo dar espaço para o que vi ali me distrair. Foco, Robert.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora