02 - Frieza

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Gatilhos: Uso de álcool e tendencias suicidas

Gatilhos: Uso de álcool e tendencias suicidas

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro.
Dois dias antes da audiência

Esfrego as têmporas, deixando os documentos sobre a mesa. A confissão de Tubarão ainda ecoava em minha mente; ele admitia ter seduzido e sequestrado Maria Luiza, mas negava ser o pai da criança.

Um exame de DNA estava fora de questão, pois o feto ainda era pequeno demais, e um procedimento dessa magnitude poderia colocar a gestação em risco.

Conseguimos, pelo menos, tranquilizar Fraga. O alívio por ter sua filha de volta era visível em seus olhos, mas muitas peças ainda não se encaixavam.

A casa onde encontramos Maria Luiza guardava vestígios de outras garotas que passaram por lá, o que deixava o caso ainda mais sombrio.

— Lena — a voz de Carlos me tira dos pensamentos. Ele se aproxima com mais um documento nas mãos. — Eliza mandou isso. São os exames dos resíduos e das digitais encontradas na casa.

— Certo, vou dar uma olhada — respondo, pegando os papéis enquanto ele assente.

— Soube que a audiência já foi marcada — comenta, uma sombra de preocupação em seu rosto. Confirmo com um aceno, sentindo o peso da situação.

— Mal posso esperar para que essa palhaçada termine — desabafo, recostando-me na cadeira, exausta.

Carlos me observa com atenção, hesitando antes de perguntar:

— Acha que ela é sua filha?

Respiro fundo, mordendo o lábio enquanto encolho os ombros.

— Sinceramente... não sei se quero que seja — admito, uma dor crescente apertando meu peito. — Não quero destruir o que eles têm.

Ele me estuda em silêncio por um instante antes de arriscar mais uma pergunta.

— Helena... você gosta do Beto?

O olhar que trocamos parece congelar o tempo. Meu coração se aperta com força, uma resposta que eu preferia não confrontar. Sempre disse a mim mesma que era apenas sexo casual, mas era mentira.

Algo mais profundo cresceu entre nós, um sentimento perigoso que me aterrorizava. Com toda essa situação, parecia que um abismo se abria entre nós.

— Eu... não sei — respondo, mentindo. — Mas sei que não quero machucar nem ele, nem a Rafaela.

Carlos solta um suspiro pesado, como se quisesse falar algo mais, porém não pressiona mais. Ele confirma com a cabeça e sai da sala, eu suspiro encarando a papelada, seria uma longa noite.

Perdida em meus devaneios, a leitura dos relatórios e as anotações em minha frente tornam-se um borrão. Meus olhos pesados denunciam o cansaço acumulado, e tudo que desejo é uma boa dose de uísque para afastar o peso da realidade.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora