25 - Gato

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Entrego as crianças a outros policiais e sinto as pernas fraquejarem, o peso da tensão finalmente me atingindo

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Entrego as crianças a outros policiais e sinto as pernas fraquejarem, o peso da tensão finalmente me atingindo. Carlos se aproxima, e um sorriso leve aparece em seu rosto ao me dar um beijo rápido na testa.

Caminho em direção à viatura e deslizo para o banco do passageiro, observando enquanto Carlos organiza os detalhes com os outros policiais para decidir para qual delegacia levarão as meninas. 

Enquanto ele verifica as informações, sinto a porta ao meu lado abrir e vejo Nascimento me estendendo uma garrafa d'água.

— Toma — diz ele, ainda com uma expressão tensa. — Da próxima vez, não faz isso.

Dou um gole na água, aproveitando para soltar o ar que estava segurando desde o começo.

— Queria que eu deixasse as crianças na linha de tiro? — pergunto, encarando-o.

Ele respira fundo, cruzando os braços.

— Você se arriscou demais — ele diz, e a irritação é evidente em sua voz. — Sem colete, sem arma... Tem noção do quanto isso te tornou um alvo fácil?

— Mas estou viva, não estou? — respondo, tentando aliviar a tensão com um sorriso breve, ainda que me sentindo exausta.

Nascimento balança a cabeça, claramente desgostoso.

— Não sei como — murmura, suspirando antes de se afastar para a sua viatura. — Carlos, segue a gente — ele grita, e Carlos faz um sinal positivo.

Após ajeitarmos as crianças no banco de trás, nos preparamos para seguir em direção à delegacia, onde a mãe das meninas já aguardava. 

A viatura se move, e, por um momento, olho para trás e vejo as duas abraçadas, ainda com os olhos inchados, mas mais tranquilas. 

É nesses momentos que percebo que o risco vale a pena — pela segurança, pela paz que trazemos, e, no fundo, pelo sorriso de alívio que espero ver no rosto daquela mãe quando reencontrar suas filhas.

Ajudo as meninas a descerem da viatura com cuidado. Seus passos ainda são hesitantes, mas sinto a confiança delas crescendo com cada passo em direção à delegacia. 

Assim que cruzamos a porta, a mãe delas surge na recepção e corre em nossa direção. Ela se ajoelha diante das filhas, puxando-as para um abraço apertado, cobrindo-as de beijos, e o alívio em seu rosto é evidente. Uma lágrima escapa, mas ela sorri entre soluços.

— Muito obrigada... muito obrigada mesmo — ela murmura, olhando para mim com gratidão genuína. Retribuo com um sorriso breve, acenando em resposta.

Enquanto caminho até a sala do delegado para formalizar o relato do resgate, ainda sinto o peso da missão recente. Entrego as informações necessárias, descrevendo cada detalhe com precisão. 

Assino os documentos do relatório, fechando finalmente mais um capítulo complicado, e me permito relaxar um pouco.

Vou ao banheiro, lavo o rosto e solto o cabelo, respirando fundo. A água refresca e leva embora parte da tensão, mas a exaustão ainda está ali, latejante.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora