A consciência pesada pesava sobre mim enquanto nossos corpos se aproximavam. Eu sabia que não devia estar ali, muito menos beijando Helena.
Não era o meu papel consolá-la dessa maneira, não era certo, mas algo dentro de mim estava implorando por isso.
O Caio, aquele desgraçado, a havia destruído por dentro. Eu via isso em cada gesto dela, em cada suspiro pesado que escapava.
Se fosse a minha mulher sendo violada por ele, eu não descansaria até quebrar cada osso daquele imbecil.
Minha mão, quase como se tivesse vida própria, desliza pela sua nuca, puxando-a para mais perto de mim. Eu precisava dessa mulher de um jeito que me assustava.
Não era só o desejo, era a necessidade de estar com ela, de protegê-la, de dar algum tipo de alívio ao caos que estava vivendo.
— Calma — ela sussurra, encostando a testa na minha, como se tentasse encontrar algum equilíbrio naquele momento. Seus olhos castanhos estavam embaçados de emoções que ela tentava esconder.
— Distração sempre é bom — respondi, a voz rouca, beijando sua bochecha com um carinho que traía a intensidade do que sentia. — Mas se você não quiser... eu posso ir embora.
Por um instante, o mundo parece parar. Ela fica em silêncio, suas mãos pairando sobre as minhas, e seus dedos delicadamente traçam o contorno do meu anel, que havia ficado no carro.
Seus olhos encontram os meus de novo, e o rosto dela, levemente avermelhado, revelava o turbilhão de sentimentos que nos envolvia.
Aquela mulher estava despedaçada, e eu não se se estava pronto para me unir a ela dessa forma.
— Eu... — Helena começa a dizer, mas o som repentino da campainha interrompe suas palavras.
Nós dois olhamos ao mesmo tempo para a porta, a tensão entre nós se quebrando instantaneamente. Ela se levanta, ajeitando o shorts de maneira quase automática, e caminha em direção à entrada, espiando pela janela ao lado.
Seus passos são hesitantes, como se já soubesse quem estava do outro lado. A porta se abre, e a voz familiar de Carlos invade o ambiente.
— Oi... como você tá? — ele pergunta com aquela calma desconcertante, dando alguns passos para dentro da casa. Seus olhos logo se voltam para mim, estreitando-se. — Atrapalho algo?
— Não... — Helena responde rapidamente, quase atropelando as palavras. — Ele só veio me trazer uma mala que eu acabei esquecendo no carro da locadora.
A desculpa sai de seus lábios de maneira tão automática quanto seus movimentos anteriores, mas algo na maneira como Carlos nos observa deixa claro que ele não acreditava nem por um segundo.
Seus olhos passeiam entre nós dois, e um silêncio desconfortável se instala. Ele parecia farejar o ar, como se captasse algo invisível, algo que estávamos tentando esconder.
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Destinos Cruzados | Capitão Nascimento
FanfictionNa caótica e perigosa cidade do Rio de Janeiro, dois mundos colidem quando uma investigadora da Polícia Federal Helena é designada para liderar uma força-tarefa ao lado do Capitão Roberto Nascimento, do BOPE, para encontrar Maria Luiza Chagas, uma...