12 - Querer

2.2K 312 470
                                    

Dois pontos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Dois pontos. Ganhei por dois malditos pontos. Rafaela e Helena cruzaram os braços, claramente irritadas. Era bizarro como, apesar de tudo, as duas eram parecidas.

— Não tem graça nenhuma — Rafaela bufou, enquanto eu tomava um gole da minha Coca-Cola. — Você consegue atirar em alvos em movimento, isso é covardia!

— A Helena também foi treinada assim — soltei, provocando de propósito.

— Ah, mas não me jogaram pelada no mato, né? — Helena rebateu com aquele sorrisinho safado.

Eu a encarei por um segundo, meu sangue subindo. Filha da puta. Será que ela viu aquelas fotos?

— Que história é essa? — Rafaela perguntou, com curiosidade e diversão no olhar.

Helena mal conseguiu segurar a risada antes de soltar:

— Seu pai pode explicar direitinho.

— Não é nada demais — falei rapidamente, puxando a carteira para sair logo dessa conversa. — Vou pagar a conta.

Caminhei em direção ao caixa, sentindo as risadas de Helena e o olhar curioso de Rafaela queimando minhas costas.

Enquanto isso, minha cabeça viajou direto para aquele inferno que foi o concurso do BOPE. Quando fiz o teste, só eu e mais três conseguimos passar. Sabe por quê? Jogaram a gente, junto com uns 25 outros caras, todos pelados no meio da porra de uma floresta.

Sem comida, sem água, apanhando quase todos os dias. A missão? Sobreviva. A porra da selva não era o único problema, a gente tinha que aguentar o frio, a fome, e ainda os instrutores nos fodendo de todas as formas possíveis.

Quem aguentou saiu forte. Quem não conseguiu... ficou pra trás.

Paguei a conta, mas as lembranças daquele inferno ainda me perseguiam. E ver as duas se divertindo com aquilo só tornava tudo mais irônico.

Vejo as duas me alcançarem, caminhando ao meu lado pelo shopping enquanto Rafaela e Helena conversam sobre algum livro novo que Rafaela estava lendo. A conversa era animada, e eu observava com certa admiração a facilidade com que elas se entendiam.

— Você tem que ler, é muito bom! — Rafaela insistiu, com empolgação.

Helena sorriu, concordando com a cabeça, e antes que eu percebesse, Rafaela se virou para mim com aquele olhar de súplica, unindo as mãos em um gesto quase teatral

— Pai, posso ir na livraria? Vai ser bem rapidinho!

Eu não resisti àquela energia.

— Não demora — avisei, vendo-a correr apressada para a livraria que ficava logo à frente.

Helena se aproximou devagar, com um sorriso suave nos lábios, e o cheiro suave do perfume dela invadiu minhas narinas, algo entre doce, mas inebriante

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora