Minha cabeça está rodando enquanto tento processar tudo o que aconteceu. O som do chuveiro ligado preenche o silêncio sufocante do quarto.
Com os músculos ainda tensos e a mente confusa, me vejo de pé, vestindo apenas uma cueca box. Olho ao redor e encontro roupas, coldres e armas espalhados pelo chão, como uma cena de caos pós-batalha.
Só faltava mesmo drogas para transformar isso em um circo completo.
Levanto-me devagar, sentindo o peso do meu corpo e da noite anterior. Encaro o espelho, onde vejo os estragos: meu peito está marcado por arranhões vermelhos, trilhas deixadas pelas unhas afiadas de Helena.
Meu lábio está levemente inchado e cortado, lembrança das mordidas intensas e dos beijos ferozes que trocamos.
— Que merda eu fiz? — sussurro para mim mesmo, uma pergunta que ecoa na minha mente, reverberando com a culpa que começa a se instalar.
Pego uma toalha e me cubro assim que ouço o som do chuveiro sendo desligado. Helena sai do banheiro, sua presença preenchendo o ambiente.
Ela está vestida com uma calça jeans justa e uma blusa branca colada ao corpo, os cabelos molhados presos em uma toalha. O contraste entre seu ar de tranquilidade e o furacão de emoções dentro de mim é quase surreal.
O pescoço dela está exposto, com hematomas visíveis, e a marca da minha mordida ainda cravada em seu ombro. Mas, ao contrário de mim, não vejo arrependimento nos olhos dela.
Pelo contrário, há uma estranha normalidade em sua expressão, como se tudo isso fosse apenas mais uma manhã qualquer.
— Bom dia, — digo, minha voz rouca, quase arranhando, carregada pelo resquício da noite.
— Bom dia, — ela responde casualmente, sem nenhuma hesitação, enquanto retira a toalha dos cabelos molhados e começa a penteá-los. — Temos que ir até a casa do suposto fã da Maria. Consegue se arrumar rápido?
Seu tom é tão despreocupado, como se nada tivesse acontecido. O que mais me desarma não é o fato em si, mas essa calma, essa frieza calculada. Eu esperava qualquer tipo de reação de Helena, exceto essa indiferença quase profissional.
— Só me dá dez minutos, — murmuro, com um aceno apático, enquanto ela se concentra em escovar o cabelo.
Caminho rápido em direção ao banheiro, tentando fugir dos pensamentos que insistem em me perseguir. Minha cabeça está um turbilhão, cada memória da noite anterior se desenrolando de maneira caótica.
Entro no banho, deixando a água fria cair sobre mim, numa tentativa desesperada de acalmar meu corpo e organizar meus pensamentos. O choque da temperatura me traz de volta à realidade.
Respiro fundo, tentando convencer a mim mesmo: foi só uma transa, foi só uma transa.
Mas a sensação pesada não desaparece, mesmo com a água fria escorrendo pelo meu corpo, me forçando a focar em algo além do que aconteceu.
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Destinos Cruzados | Capitão Nascimento
Fiksi PenggemarNa caótica e perigosa cidade do Rio de Janeiro, dois mundos colidem quando uma investigadora da Polícia Federal Helena é designada para liderar uma força-tarefa ao lado do Capitão Roberto Nascimento, do BOPE, para encontrar Maria Luiza Chagas, uma...