03 - Dvd's

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

Suspiro profundamente enquanto ajusto o coque no cabelo, tentando conter a tensão antes de me juntar à equipe.

Pego minhas coisas e caminho em direção aos homens, que já estão reunidos, formando uma linha com seus uniformes pretos impecáveis, como uma parede sólida de disciplina e força.

— Boa noite, senhores — digo, minha voz firme, enquanto me coloco no centro do local onde estão posicionados.

Os olhos deles permanecem fixos, rostos sérios, posturas militares inabaláveis. A atmosfera é carregada de expectativa e uma calma antes da tempestade. Sinto o peso de cada olhar sobre mim. O coronel, à margem, acena levemente com a cabeça, dando-me o sinal para prosseguir.

— A prioridade é encontrar qualquer suspeita de pornografia ou tráfico humano. Vamos operar pelo canal dois — explico, meus olhos varrendo o grupo, avaliando suas expressões para garantir que a mensagem esteja sendo absorvida. — Santos, você vai com sua equipe pela casa do bispo. Renan e Marcela, vocês vão pela almirante Tamandaré.

— Sim, senhora! — Renan responde prontamente, a voz ecoando no ambiente, firme como uma rocha.

Me volto para o capitão Nascimento, notando sua postura tensa, braços cruzados, olhar fixo no chão. Ele se mexe inquieto, como se estivesse lidando com algo internamente, e sua ansiedade está começando a transparecer. Está visivelmente desconfortável, destoando da serenidade dos demais.

— Nascimento, você conhece a entrada do 117? — pergunto, fixando meu olhar nele.

O silêncio se alonga. Nascimento não levanta o olhar, continua a olhar para seus pés, ignorando completamente a pergunta. Ele parece imerso em algum conflito interno, suas mãos inquietas demonstram que há mais acontecendo sob a superfície.

— Capitão Nascimento... — repito, minha voz mais incisiva.

Finalmente, ele levanta o rosto, mas ainda não responde. O clima ao redor se torna tenso. Cada segundo de silêncio se arrasta, e todos os olhos se voltam para ele.

— Eu conheço, doutora — interrompe Bocão, o segundo no comando da equipe Alpha, em um tom direto, enquanto bate continência.

Dou um leve aceno de agradecimento a Bocão, mas volto minha atenção para Nascimento. Ele ainda está imóvel, com os olhos vidrados.

— Capitão Nascimento, você vai com a sua equipe pelo beco. Mas vá com cuidado — alerto, minha voz suave, mas firme. — A entrada do 117 é do lado da faculdade, tá cheio de estudante lá.

Nascimento finalmente mexe a cabeça, concordando, mas sua expressão está carregada. Ele passa a mão no rosto, claramente lidando com algum desconforto.

— Tô ciente, Franco — diz, sua voz grossa e rouca, traindo o nervosismo. — Já avisei que vai dar merda isso.

Há uma fina camada de suor na testa dele, e o desconforto é quase palpável. Eu percebo a tensão aumentando, mas antes que eu diga algo, o coronel, que está atrás de mim, intervém.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora