06 - Desequilíbrio

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Levo o copo de chope até a boca, observando Rafaela animada em uma conversa com a madrinha, exibindo as unhas recém-feitas com orgulho

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Levo o copo de chope até a boca, observando Rafaela animada em uma conversa com a madrinha, exibindo as unhas recém-feitas com orgulho. Ela mesma as pintou, toda orgulhosa, mostrando os detalhes de seu trabalho.

Rafaela me convenceu a pagar aquele curso de manicure para ela, mas no fundo, sei que é apenas mais uma distração. Como tantas outras antes: o curso de maquiagem, o de cílios, as aulas de dança, e uma lista interminável de coisas que nunca se tornam algo sério.

_ Eu não acredito que a irmã da minha namorada é a tão famosa Franco – comenta Humberto, aproximando-se com um sorriso de quem não perde uma.

Sinto o incômodo subir e lanço um olhar direto para ele.

_ Que ideia foi essa de trazer ela aqui? – questiono, intrigado e levemente irritado, fixando o olhar em Helena Franco.

Ela está ali, com um ar desinteressado, revirando os olhos para alguma piada ou comentário da irmã. Os cabelos caem soltos até pouco abaixo dos ombros, e os brincos de argola dourados brilham suavemente sob a luz ambiente.

Helena, está com um vestido tão justo que parece moldado ao corpo torneado. A peça é um perigo, provocativa demais, realçando suas curvas de um jeito que me faz prender o olhar por tempo demais ali.

_ Ela é linda – comenta Humberto, olhando para Helena com um sorriso malicioso.

Eu o encaro por um momento, sem muito humor, antes de responder

_ Toda sua – respondo, dando o último gole na cerveja, o líquido amargo descendo fácil.

Helena era, de fato, uma mulher impressionante. Isso eu não podia negar, mesmo que quisesse. Sua beleza era óbvia, e qualquer um podia notar isso. Mas o que ela tinha de bonita, tinha de teimosa e mandona. Ela sempre fazia questão de querer controlar tudo ao seu redor, de uma maneira que me tirava do sério.

Era exagerada em cada gesto, cada palavra, sempre ocupando o centro do palco, mesmo quando ninguém a convidava para isso. Só o fato de ter que trabalhar com ela já era um teste diário para minha paciência, e agora, ainda teria que aturá-la invadindo meu espaço pessoal? Essa ideia me irritava profundamente.

_ Pai... – ela me chama, acenando com a mão e sorrindo divertida.

_ O que foi agora? – respondo, já pressentindo que vem provocação por aí.

_ Como se sente sendo oficialmente da época do "Xou da Xuxa"? – ela pergunta com um sorriso provocativo, cheia de graça.

Reviro os olhos, sem esconder meu cansaço. Rafaela sempre arranjava uma maneira de tirar sarro da minha idade, como se fosse algo relevante para o momento.

_ Vai começar, Rafaela? – respondo, soltando um suspiro e pegando outra cerveja para não perder a paciência. O som do "pssst" ao abrir a garrafa quase me acalma.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora