Na caótica e perigosa cidade do Rio de Janeiro, dois mundos colidem quando uma investigadora da Polícia Federal Helena é designada para liderar uma força-tarefa ao lado do Capitão Roberto
Nascimento, do BOPE, para encontrar Maria Luiza Chagas, uma...
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Cemitério São Francisco, Rio de Janeiro 08 de junho de 2024
Corro pelas lápides do cemitério, o caminho parece mais longo do que o normal hoje. A chuva começa a cair leve sobre meu corpo, um frio úmido que se mistura à sensação de urgência que me envolve.
Ao longe, vejo Caio, Susana e Carlos. Susana balança a cabeça, negando algo, enquanto Carlos parece estar pronto para intervir em uma possível briga. O coveiro, ao lado da lápide, olha confuso, sem saber como agir.
— Caio! — grito, minha voz carregada de desespero. Todos viram o rosto para mim. — O que você está fazendo?
— Helena, é necessário... — Caio começa, mas eu o corto antes que possa continuar.
— Necessário? Exumar o meu filho é necessário para quem? — pergunto, sentindo as lágrimas se formarem, queimando em meus olhos.
Meu corpo parece pesar uma tonelada. Roberto e eu saímos às pressas de Valença no dia anterior. Mayra tinha nos ligado exigindo explicações sobre por que havíamos abandonado a missão, mas precisei de muito autocontrole para não mandá-la direto para o inferno.
— Você viu as notícias... — Caio tenta justificar, mas minhas mãos já estão trêmulas de raiva. Esfrego o rosto com força, tentando conter as emoções que borbulham dentro de mim, nervosa, ansiosa.
— Pelo amor de Deus, Caio! — minha voz sai incrédula. — Você realmente acha que isso aconteceu comigo? Que meu filho foi uma vítima?
A defensoria estava investigando casos de supostos tráficos de bebês dentro de hospitais, e havia evidências de um esquema que ocorrera há dois anos. Agora, uma das envolvidas seria julgada. Porém, jamais havia qualquer indício de que meu filho pudesse estar envolvido nisso. Mesmo assim, Caio insistia que a exumação era necessária para trazer à tona a verdade.
A chuva começa a apertar, molhando meu cabelo e misturando-se às lágrimas que não consigo mais conter. A cada passo, sinto o chão tremer sob meus pés, e a raiva misturada à dor me deixa à beira de um colapso.
— Não vou permitir isso — murmuro, mais para mim mesma do que para eles. — Meu filho... meu filho não será desenterrado por uma suspeita infundada.
Caio dá um passo à frente, mas Susana coloca a mão em seu braço, tentando contê-lo. Carlos permanece em silêncio, atento, os olhos fixos em mim, como se tentasse medir o meu próximo movimento. O coveiro, hesitante, olha para os lados, incerto sobre o que deve fazer.
Tudo ao redor parece parar por um instante, e o som da chuva é a única coisa que quebra o silêncio desconfortável.
— Helena... — Caio começa, mas minhas lágrimas já escorrem livremente pelas bochechas. Não há mais controle, não há mais força para segurar o que sinto.