27 - Melancia

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Saio do banheiro, tentando recuperar a compostura enquanto sigo pelo corredor, ainda sentindo o peso dos últimos minutos

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Saio do banheiro, tentando recuperar a compostura enquanto sigo pelo corredor, ainda sentindo o peso dos últimos minutos. O ar parece mais denso, e respiro fundo, tentando afastar o tumulto de sensações que Roberto despertou em mim.

No entanto, a caminhada é interrompida. No meio do corredor, dou de cara com Caio, de braços cruzados e uma expressão que mistura desaprovação e incredulidade.

— O que foi? — pergunto, tentando soar casual, mas ele apenas estreita os olhos, a sobrancelha arqueada.

— Você tá se envolvendo com o Nascimento? — A pergunta sai quase como uma ofensa, carregada de ciúme e um toque de amargura.

— Ah, Caio, me poupe — respondo, num tom cansado. — Vai ver se eu tô lá na esquina, vai. — Tento passar por ele, mas ele segura meu braço com firmeza, o toque interrompendo meu movimento.

— Helena... — Ele diz meu nome com a voz embargada, e, por um instante, percebo algo mais intenso. Vai chorar? — Não faça isso comigo — ele murmura, a tristeza se espalhando em seu rosto.

— Caio, me solta — peço, tentando manter a calma na voz, mas ele apenas aperta um pouco mais.

— Eu te amo, Helena... — Sua voz está cheia de uma dor quase infantil. Ele me olha como se estivesse tentando me trazer de volta para algo que nunca aconteceu.

Eu respiro fundo, tentando conter a frustração e a sensação de estar num ciclo sem fim.

— Caio, acho melhor você ir embora — insisto, tentando ser firme. Mas ele balança a cabeça.

— Não sem você. Só vou embora se for com você — ele responde, a voz quase suplicante, e eu reviro os olhos, cansada dessa peça dramática.

Só me aparece maluco.

— Certo, tá na hora do Lúcifer aqui ir dormir — ouço a voz de Carlos ecoando pela sala, e agradeço mentalmente pelo salvamento. — Vem, garotão, vamos levar você pra casa — ele diz, puxando Caio para a saída, que resiste por um segundo antes de ceder, ainda atordoado.

Com o drama encerrado, caminho até a área externa, onde Nascimento está rindo de alguma piada de Humberto. Ele está descontraído, com aquele charme casual que nunca falha em me atrair.

Suspiro, pegando um docinho da mesa e observando-o de longe. Nascimento é como um ímã para mim, o som da risada rouca, a voz, o corpo, o sexo, tudo era um imã direto para a irresponsabilidade

— Helena! — Ouço a voz de Rafaela ao meu lado e me viro, vendo-a com um copo de refrigerante e um sorriso brilhante. — Fico tão feliz que você veio — ela diz, os olhos iluminados.

— Obrigada por me convidar, Rafa. A festa está incrível — respondo com um sorriso sincero, e ela sorri de volta, cheia de energia.

— Adorei sua fantasia, mas olha... a sua está de arrasar. Aposto que até meu pai suspirou quando te viu — ela brinca, me fazendo rir com o comentário. — Eu tenho uma marquinha igual à sua — Rafaela diz, apontando para a pequena pinta em formato de semente de melancia próxima à tatuagem no meu quadril.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora