Fecho o porta-malas e caminho em direção à porta do passageiro. Nascimento já estava no banco do motorista, com a expressão fechada de sempre. Assim que me acomodo no carro, ele liga o motor, e seguimos viagem rumo a Valença.
Eram cerca de duas horas até lá, mas o atraso na locadora fez com que saíssemos depois do planejado. Se o trânsito não complicasse, chegaríamos perto das 16h, o que já comprometeria parte do nosso tempo de investigação.
O sol do Rio estava impiedoso, no seu auge. O calor dentro do carro era quase insuportável no início, até que o ar-condicionado começasse a fazer efeito.
Eu me recosto no banco, observando as ruas movimentadas enquanto saíamos da cidade.
O silêncio entre nós parecia carregado de palavras não ditas.
— Algum plano além de chegar lá e improvisar? — ele pergunta, quebrando o silêncio e olhando de relance para mim
— Vamos ver o que encontramos. Se essa pista for quente, vamos atrás de mais detalhes. Se não, voltamos e tentamos outra coisa — respondo de forma direta.
Cruzo os braços, refletindo sobre o que poderia nos esperar em Valença. A sensação de estar um passo atrás nessa investigação me incomodava, e estar presa nessa missão ao lado de Nascimento tornava tudo mais complicado.
— Rafa ficou com o Humberto? — pergunto, enquanto avisto a placa do retorno para o Rio, a estrada começando a se estender diante de nós.
Nascimento dá uma rápida olhada para mim, antes de focar novamente na pista.
— Com a avó materna — ele responde, passando pelo primeiro pedágio. O barulho da cancela abrindo ecoa dentro do carro, e ele acelera suavemente, mantendo a velocidade constante
Já fazia quase uma hora que Nascimento estava dirigindo, e eu lutava contra o sono, me ajeitando no banco, os olhos pesados. O ronco suave do motor e o calor aconchegante do ar-condicionado estavam me vencendo.
— Vou tirar a água do joelho — ele diz de repente, quebrando o silêncio e estacionando o carro ao lado de uma conveniência.
Concordo com um aceno de cabeça e vejo ele sair do carro, enquanto eu ainda espreguiço, tentando afastar o cansaço.
Entro na conveniência e pego um energético e alguma coisa para comer, algo simples, só para me manter acordada até chegarmos em Valença. Volto para o carro, me acomodando de novo no banco e abrindo a latinha, aguardando Nascimento.
Ele não demora a voltar. Assim que abre a porta e se acomoda no banco do motorista, estica o braço e pega o meu energético sem sequer pedir, dando um gole longo, com a maior cara de pau.
— Ei! Esse era o meu — protesto, cruzando os braços.
Ele só dá de ombros, com aquele sorriso convencido de sempre.
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Destinos Cruzados | Capitão Nascimento
FanfictionNa caótica e perigosa cidade do Rio de Janeiro, dois mundos colidem quando uma investigadora da Polícia Federal Helena é designada para liderar uma força-tarefa ao lado do Capitão Roberto Nascimento, do BOPE, para encontrar Maria Luiza Chagas, uma...