16 - Irritação

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Fecho o porta-malas e caminho em direção à porta do passageiro

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Fecho o porta-malas e caminho em direção à porta do passageiro. Nascimento já estava no banco do motorista, com a expressão fechada de sempre. Assim que me acomodo no carro, ele liga o motor, e seguimos viagem rumo a Valença.

Eram cerca de duas horas até lá, mas o atraso na locadora fez com que saíssemos depois do planejado. Se o trânsito não complicasse, chegaríamos perto das 16h, o que já comprometeria parte do nosso tempo de investigação. 

O sol do Rio estava impiedoso, no seu auge. O calor dentro do carro era quase insuportável no início, até que o ar-condicionado começasse a fazer efeito.

Eu me recosto no banco, observando as ruas movimentadas enquanto saíamos da cidade.

O silêncio entre nós parecia carregado de palavras não ditas.

— Algum plano além de chegar lá e improvisar? — ele pergunta, quebrando o silêncio e olhando de relance para mim 

— Vamos ver o que encontramos. Se essa pista for quente, vamos atrás de mais detalhes. Se não, voltamos e tentamos outra coisa — respondo de forma direta.

Cruzo os braços, refletindo sobre o que poderia nos esperar em Valença. A sensação de estar um passo atrás nessa investigação me incomodava, e estar presa nessa missão ao lado de Nascimento tornava tudo mais complicado.

— Rafa ficou com o Humberto? — pergunto, enquanto avisto a placa do retorno para o Rio, a estrada começando a se estender diante de nós.

Nascimento dá uma rápida olhada para mim, antes de focar novamente na pista.

— Com a avó materna — ele responde, passando pelo primeiro pedágio. O barulho da cancela abrindo ecoa dentro do carro, e ele acelera suavemente, mantendo a velocidade constante

Já fazia quase uma hora que Nascimento estava dirigindo, e eu lutava contra o sono, me ajeitando no banco, os olhos pesados. O ronco suave do motor e o calor aconchegante do ar-condicionado estavam me vencendo.

— Vou tirar a água do joelho — ele diz de repente, quebrando o silêncio e estacionando o carro ao lado de uma conveniência. 

Concordo com um aceno de cabeça e vejo ele sair do carro, enquanto eu ainda espreguiço, tentando afastar o cansaço.

Entro na conveniência e pego um energético e alguma coisa para comer, algo simples, só para me manter acordada até chegarmos em Valença. Volto para o carro, me acomodando de novo no banco e abrindo a latinha, aguardando Nascimento.

Ele não demora a voltar. Assim que abre a porta e se acomoda no banco do motorista, estica o braço e pega o meu energético sem sequer pedir, dando um gole longo, com a maior cara de pau. 

— Ei! Esse era o meu — protesto, cruzando os braços.

Ele só dá de ombros, com aquele sorriso convencido de sempre.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora