Já era noite quando começou a caminhar pelo gramado. Uma festa acontecia na fraternidade naquele dia e uns amontoados de pessoas iam à direção contraria com copos nas mãos, batons borrados e outros tão arrumados como se estivessem indo para algum baile.
Abriu a porta, correndo para cama de cima e jogando a mochila em cima da mesa de estudos.
– Fala ai cara. – Stan chutou a cama em cima dele.
– Oi.
– Chegou tarde.
–Sim.
– Qual foi? Tá monossilábico? – Stan sorriu. – Te demitiram?
– Ainda não. Nós podemos por favor, não discutir sobre nada hoje?
– Ta bom.. – Stan disse quase incerto. – Respeitarei seu humor de hoje.
Stan resmungou mais uma vez, o deixando em paz e desligando a luz do quarto. Louis ligou uma pequena luz que pregou na cabeceira da cama e começou a ler.
"Na manhã do dia 25, eu conheci uma garota no café que eu trabalhava. A cor dos seus olhos era de um verde tão claro e tão profundo, que eu me perdi quando a vi. Meu coração fora bombardeado por todo o sangue que circulava em meu corpo e os meus braços mal conseguiam segurar a bandeja mais. Tudo se espatifou no chão. Quando eu olhei, ela não estava mais ali."
Louis não conseguiu conter o sorriso. Descansou o livro em cima do rosto sentindo um leve cheiro de hortelã nas folhas. Imaginou como seria ler no apartamento de Harry. Com as velas espalhadas pelo chão, exalando o cheiro doce de framboesa e da voz, rouca e suave, pronunciando cada palavra com clareza. E sem querer já estava sorrindo de novo. Desligou a luz, levantando-se mais uma vez quando lembrou que tinha de chegar do outro lado do campus antes das oito e meia e já era oito e quinze.
Correu ainda mais rápido que pôde com a mochila nas costas e o livro debaixo dos braços. Chegou um minuto atrasado, o que lhe rendeu o primeiro lugar na fila, algo não tão cobiçado naquela aula. O professor tinha pedido para a turma ler relatos da época do Apartheid e que queria que discutissem isso na aula. Louis suspirou quase exausto, pedindo pra quem quer que seja que o salvasse do martírio que era a aula sofre África.
Achava metade da sala hipócrita e sem qualquer opinião consistente. Não que odiasse todos os colegas, só não tinha paciência para mais de 80% do discurso marxista que pairava por todo o curso ou dos momentos insanos onde eles se escondiam para fumar maconha dentro dos banheiros do corredor. De todos, talvez só gostasse da menina que sempre sentava do seu lado na fileira. O nome dela era Charlie. Tinha os cabelos aloirados e parecia aquelas meninas estranhas com roupas de brechó.
– Charlie. – Louis a chamou. – Lá vem o babacão.
A garota sorriu, botando a mão na boca e voltou a olhar para o quadro a sua frente.
– Bom dia amantes da África, bem vindo ao meu safari.
– Ah, lá vamos nós! – Louis disse. Charlie sorriu mais uma vez, folheando o texto e olhando pelo canto de olho.
As horas pareciam não passar. Aquele professor com certeza era um idiota por completo, Louis dizia para si mesmo, enquanto o outro declamava mais uma vez sobre o quanto era inteligente e capaz de resolver os problemas da pobreza extrema ao invés de falar das tribos do século passado. O professor Will talvez fosse o mais odiado por Louis, por motivos ímpares e inquestionáveis até mesmo para Charlie. Ela sempre sorria quando Louis fazia alguma piadinha sobre ele ou sobre o que dizia, mas depois se arrependia, pedindo para que pegasse mais leve.

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your eyes // ls
FanfictionHarry é um escritor que sonha em ter um livro oficialmente publicado. Louis é apenas um estudante de História que trabalha em um café na esquina. Harry não sabe lidar com o mundo. Louis acha que o tem nas mãos.