Louis estacionou o carro embaixo de um poste, sorrindo e confirmando que chegaram ao destino.
Harry observou o enorme gramado em sua frente. Pessoas conversavam ao redor de uma fonte e outras se escoravam em cima das bancadas. Ele sentia falta da Universidade. Sentia falta do quanto era bom ter se tornado independente, embora não tenha usufruído de muita coisa por isso. Lembrou–se que tudo era muito alto, as pessoas eram fortes, instigantes e de que ele só lia e tinha um sonho gritante dentro de si: ser escritor. E nada mais. Quis voltar no tempo. Desejou ter sonhado em ter sido um simples professor de jardim ao invés de lutar por algo que a cada dia parecia mais distante. Quis voltar no tempo quando saiu de casa e nunca mais voltou. Mas não podia, mesmo que quisesse, nada no passado poderia ser mudado e existia uma nova página a ser escrita por ele.
Não muito distante, pessoas iam e vinham pelos corredores quase tão pequenos como formigas devido a distancia. Estava escuro aquela noite, era quase sete horas e só existia eles dois diante de um largo espaço de concreto, carros aqui e lá e luzes amarelas espalhadas.
Ele abriu a porta para que Harry descesse com o lanche e o depositasse em cima do capô do carro, onde sentaram e começaram a comer em silêncio.
Nenhum dos dois conseguia compreender o que acontecia. A quietude do lugar arrepiava a espinha de Harry, mas não se sentia mal, pelo contrário, o frio que fazia não fora o bastante para lhe fazer tremer mais do que olhar Louis encolhido dentro do moletom, com o capuz escondendo o seu lindo rosto e os dedos escondidos dentro do tecido verde.
– Então? – Louis quebrou o gelo, limpando a garganta e depositando o refrigerante de volta ao capô. – Tudo bem?
– Sim, eu acho. E você? Tá com frio?
– Um pouco.
Ele pegou o casaco grosso que vestia, chegando mais perto de Louis e enfiando os braços dele dentro com cuidado e carinho. Harry só queria uma desculpa para tocá–lo mais uma vez.
– Não me diz que você escreve isso nos seus livros.
– O quê? – Harry perguntou ainda meio confuso quando ele deitou a cabeça em seu colo.
–"Então fulano de tal deu sua jaqueta para a menina indefesa debaixo de um poste, ela não acreditou no quão fofo ele era, oh meu deus, ele me deu a jaqueta preferida dele." – Louis afinou a voz, tentando imitar a voz de uma mulher. Ele começou a rir, segurando o rosto de Harry para que ele olhasse para baixo.
Será que ele podia parar por um momento? Harry se perguntou.
– Muito clichê? – Ele perguntou com expressão séria no rosto como sempre fazia, mas logo depois desmanchava com apenas um sorriso de Louis. – Você achou fofo? Por que eu achei fofo, você parece menor ainda dentro do meu casaco.
– Muito clichê, mas continua eficiente em manter meninas indefesas do frio. – ele disse, fechando os olhos e descansando as mãos no peito.
– Você não é uma garota, Louis.
– E isso também não é uma jaqueta de couro. – ele disse.
– Tudo bem, não vou mais escrever isso nos meus livros, eu prometo.
Ainda sorrindo, Harry escondeu–se atrás das duas mãos.
– Eu sabia que você fazia isso! Meu deus! – Louis abriu os olhos, fazendo cocegas na barriga dele, que o fez ficar mais vermelho do que estava. – Agora, eu preciso pedir a sua permissão para que eu possa finalmente ir até a aula.
– Tão polido você está nesta noite.
– É assim que você fala algumas vezes.
Os dois sorriram.
Harry não queria voltar para casa, não queria que aquela noite terminasse nunca, se fosse possível. Queria ouvir aquela voz durante toda a madrugada, queria que as horas não tivessem passado tão rápido, queria Louis perto dele sempre. Que mal tinha? Louis era seu melhor remédio – talvez ele quisesse uma overdose – mas ele era bom. Então continuou sentado no capô do carro, o olhando jogar os restos na lixeira e o devolvendo o casaco.
– Tchau? – Louis parou na frente e com as mãos apoiadas no automóvel. –Harry Styles, você só vai ficar parado ai e me olhar ir embora?!
– Não! Não! Eu só... – Harry deslizou pela lateral e foi ao seu encontro. – Tchau Louis. Boa aula. Te vejo no próximo livro?
– Nós não precisamos mais deles para nos ver, você não acha? – ele disse, mordiscando os lábios, fazendo Harry o olhar confuso. O que diabos eu estou fazendo? Louis se perguntou, dando uma risada com o pensamento.
– Espero que não. – Harry sorriu, apoiando as costas no capô. – Eu quero acreditar que não.
Louis permaneceu parado na frente dele, traçando linhas imaginarias com o tênis e encarando o chão.
Harry limpou a garganta, indo ao seu encontro para lhe dar um abraço de despedida.
E Se ele não tivesse outra chance? Se a partir dali, ele não o visse mais?
E se ele tivesse confundido tudo e perdesse o que ele havia construído?
E se Louis não gostasse?
E se Louis fosse embora e o deixasse ali com o desejo imenso de tê–lo nos braços?
Ele apenas permaneceu estático quando sentiu os braços dele ao seu pescoço e o seus cabelos atrapalharem a sua visão, com o cheiro forte de baunilha e suas pequenas mãos acariciando as costas.
E se não fosse agora, não teria mais coragem, por que enfrentar a realidade de ver Louis ir embora e ter de voltar ao estado mórbido que era ser só, lhe consumida de maneira aterrorizante. Eu quero que você volte por mim.
Então tudo ficou escuro. Seu coração ficou apertado. Os olhos lacrimejaram. As pernas ficaram bambas. Seu abraço era o lar que tanto procurou – quente e acolhedor – Ele o apertou o mais forte que pôde, com um medo enorme de vê–lo ir.
Contudo, Harry havia descrito tantas cenas como essa, mas nunca entendia os milhares de sentimentos que cercavam seus personagens. E Agora, entendia bem, como era ser beijado. Doce. Lento. Com carinhos pelo rosto, que o faziam encolher a cada segundo que a sua boca permanecia colada a dele, sem saber ao certo para que lado ir ou como tocá–lo. Agora, entendia bem, como todo seu corpo estava voltado ao dele, desmanchando–se aos poucos e totalmente fascinado com o único som que escutava – o de seus lábios se separando e voltando ao mesmo lugar, como se não pudessem nunca mais perder esse momento de vista – agora, sabia.
Quando Louis olhou em seus olhos e sorriu, se deu conta o quanto era bom o seu beijo e que talvez, estivesse finalmente encontrado a definição do que era estar devidamente apaixonado.

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your eyes // ls
FanfictionHarry é um escritor que sonha em ter um livro oficialmente publicado. Louis é apenas um estudante de História que trabalha em um café na esquina. Harry não sabe lidar com o mundo. Louis acha que o tem nas mãos.