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[N/D]

Queria compartilhar logo esse capítulo com vocês antes que o ano acabasse e por isso, peço desculpas pelos erros que certamente terão.

Espero estar com vocês em 2016.

Boa leitura geleias.

....

Era quente.

E tinha fumaça por todo lugar.

Harry sentiu a pele queimar, um pouco quase o fez gritar ao enfiar as mãos embaixo da torneira.

Na cozinha pequena, o cheiro da carne de porco que acabara de sair do forno impregnava cada centímetro do lugar, enquanto Harry tentava depositá–la com as luvas de pano em cima da mesa, as retirando com a boca e enfiando o garfo na carne macia.

Um "Oh, merda" escapou quando sentiu o coque do cabelo se desfazendo. Foi até a pia lavar as mãos e procurou algo pra amarrar o cabelo dentro dos bolsos. Uma vez com o cabelo amarrado, voltou até o fogão tentando mexer a panela de batatas e o a outra panela cheia de outras verduras.

Mesmo que o vapor das panelas o fizesse suar como uma chaleira, mesmo tendo se queimado umas duas vezes ao tentar puxar a travessa de dentro do forno minutos antes, Harry gostava de estar na cozinha. Fazendo algo que jurava não ter feito a muito tempo.

Eu acho que só uso esse fogão para esquentar água e fazer ovos.

Costumava gostar de estar assim. Suado, com as mãos queimadas pelos cabos quentes das panelas, do cheiro da cebola dourando, do gosto bom de cozinhar. Mesmo quando sua mãe o proibia de cozinhar para a família, continuava a tentar a preparar todos os pratos que via pelas revistas ou pela televisão. Harry ainda conseguia ouvir a voz da mãe, implorando para que ele saísse da cozinha e fosse arrumar algo mais masculino para fazer.

Era estúpido. Sempre fora estúpido o fato de escutar da própria mãe que cozinhar era algo apenas para mulheres e que por isso, ele deveria sempre sair da cozinha. A maldita cozinha, com decoração de flores por todo o lugar, tão branca como paredes de um manicômio, tão pequena quanto uma caixa de sapato. Aprendeu a odiar a cozinha, tanto quanto odiava a voz da mãe todas as vezes que insistia em permanecer no cômodo.

"Harry Styles! Menino vá consertar a cerca no quintal e saía da minha cozinha"

"Harry, o que você está fazendo no meu fogão?"

"Harry, filho... Deixe que eu faça o café da manhã para o seu pai"

"Harry, seu pai já disse que quer que você pare de agir como uma menininha."

Mas isso não importava agora, repetia para si mesmo. Quando deu um gole do vinho, agora, já na metade da garrafa. Confirmou a si mesmo que aquela era a sua cozinha e não existiam motivos para lembrar-se dela. Assim como não existia motivos para se preocupar com as ligações perdidas durante a madrugada.

Pois agora, naquele exato momento, só existia uma coisa que queria.

Queria que fosse especial.

Tentou conter–se de querer ligar para Louis para dizer a novidade, a razão pela qual a sua cozinha estava cheia de comidas ou o motivo que o fez sair de casa, ir até o mercado comprar todas aquelas coisas, sem qualquer problema.

Parou no meio da cozinha, sorrindo sozinho. Limpou a testa com o pulso e procurou pela garrafa de vinho em cima

O celular vibrou na bancada.  O desbloqueou rapidamente quando viu as mensagens de Louis preenchendo toda a tela. Deu um gole direto da garrafa, encostando-se a e na beira de pia.

your eyes // lsOnde histórias criam vida. Descubra agora