Eram 10 da manhã. Quase não havia mais pessoas dentro da Cafeteria, os funcionários já recolhiam o que restava de cima das mesas. Louis queria que ele entrasse pela porta, mesmo se sentindo desconfortável com esse desejo insistente a cada segundo.
O vento frio impregnou–se por todo o lugar, enquanto Louis sentou–se em cima do balcão, olhando para a mesa vazia, posta em cima da calçada. O livro na mão e uma enorme dúvida se ele poderia aparecer no flat de Harry. Começou a lembrar dele, assim como todos os dias da semana quando entrava pra trabalhar, mas ele nunca aparecia.
Soltou um suspiro exausto, deslizando para fora do balcão e pegando a mochila para que pudesse se despedir–se de todos antes de ir embora.
O som do sino o fez jogar a mochila para dentro do balcão. Alguém entrou no café. Louis quis estrangular cada pedaço existente da pessoa que entrou no final do seu expediente, mas pensou que poderia ser ele e algo o preencheu de ansiedade ao virar–se para ver quem era.
– Bom dia querido, será que você pode me mostrar onde fica o banheiro? – Uma mulher de aparência mais velha entrou sem fôlego, segurando uma criança pela mão.
– No corredor a esquerda. – Louis respondeu.
Não era ele.
Louis tentou parecer menos ansioso do que parecia. Jogou a bandeja nos fundos da cozinha, tirou o avental do corpo e saiu pela porta com a mochila. Ele olhou mais uma vez para o café vazio, mas não o encontrou. Então foi direto para a calçada pegando o celular do bolso. Discou o numero de Harry mais de cinco vezes, contudo, não obteve resposta. Andou em passos apressados pela rua, perguntando–se inúmeras vezes o motivo de tanto nervosismo. Afinal, pra quê correr? Harry sabia onde trabalhava. Se estivesse sentindo falta, ele iria procurá–lo, assim Louis pensava.
Quando parou na esquina do apartamento do mais novo amigo, respirou fundo. Olhou para o céu nublado, como se estivesse fazendo uma oração e seguiu em frente. Louis estava parado do lado de fora da porta do apartamento sem saber exatamente o que fazer. Encostou a testa na porta de madeira desgastada, pensando se o que ele fazia era certo. O que diabos ele estava fazendo ali?
[...]
Harry olhou ao redor do quarto sentindo–se melhor. Os olhos já não ardiam mais com tanta intensidade, mas o peso no corpo o havia detonado. Pôs–se com pouca dificuldade, o quarto havia virado uma zona de papeis espalhados pelo chão. Post–its multiplicaram–se como pragas. As paredes azuis transformaram–se em um emaranhado de pontos amarelos e verdes colados até o teto. A madrugada tinha sido longa. O frio cada vez aumentava e o sol cada vez mais diminuía, deixando a claridade quase zero. Tateou o celular pelo bolso, sorrindo ao ver várias ligações perdidas de "Louis". Harry discou o número de volta apoiando os braços na geladeira, observando o interior vazio. O estômago roncou de fome, mas uma pontada ainda mais forte o atingiu ao ouvir a voz fina do outro lado da linha.
– Jesus cristo, Harry. Achei que tava fazendo de propósito. – Louis disse.
– O quê? – Harry sorriu, fechando a geladeira. – Você sumiu. Deixei um livro do George R R pra você já fazem umas duas semanas.
– Não vem com essa! – Louis ironizou. – O que você tá fazendo?
– Novo livro. Noites de insônia. Blah, blah, blah. E você?
Louis sentou no chão do corredor estreito, olhando fixamente para a porta a sua frente. Você é um covarde. Louis pensou.
– Agora? – Louis bufou. – Hum... Deixa eu ver. Eu tô parado, tentando decidir se eu vou te ver ou se eu...

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your eyes // ls
Fiksyen PeminatHarry é um escritor que sonha em ter um livro oficialmente publicado. Louis é apenas um estudante de História que trabalha em um café na esquina. Harry não sabe lidar com o mundo. Louis acha que o tem nas mãos.